quinta-feira, 19 de setembro de 2013

A Criação no Mundo Atual


Saudações a todos,

Para começar, devo dizer que, olhando em retrospectiva os dois últimos textos sobre a criação do mundo, percebo que, no primeiro texto, assumi uma postura tipicamente criacionista, na linha do “design inteligente”, muito apreciada por diversas correntes religiosas.  Mas, no segundo texto, que dá outro enfoque ao fenômeno da criação, minha postura foi muito mais próxima da linha evolucionista, tão defendida pela ciência moderna.  Acredito que consegui adotar e harmonizar duas posturas que há muito tempo se confrontam de forma inconciliável, normalmente envolvendo posições radicais de ambas as partes.  Obviamente, não obtive esse resultado a partir da lógica racional pura, tendo que lançar mão do conhecimento intuitivo, como sempre lembro nesses textos.

Este fato me faz concluir que as principais ideias sobre Deus, o mundo e o ser humano não podem ser vistas de um único ponto de vista, de forma limitada e radical.  No post em que tento discorrer sobre a ideia de Deus, cito que não temos como definir de uma única forma uma ideia dessa natureza, e que qualquer definição seria somente uma parte de um todo maior. 

Da mesma forma encaro os enfoques criacionista e evolucionista – eles são aspectos relevantes da criação, mas não conseguem abarcar toda a complexidade do fenômeno.  Deve-se notar que os conceitos racionais de “criação”, como manifestação de energias mais densas, e “evolução”, como transformação em energias mais sutis, são diametralmente opostos, e no entanto eles ocorrem continuamente em nosso mundo, ao mesmo tempo – como explicar isso? 

Para resolver esses paradoxos aparentes, devemos utilizar nosso conhecimento intuitivo.  As filosofias orientais utilizam com frequência técnicas de meditação para conseguir tal “conciliação de opostos”, como por exemplo no caso dos paradoxos do zen: seus adeptos acreditam que, meditando sobre esses paradoxos, chegarão a uma “sabedoria maior”, que eu chamo de conhecimento intuitivo.

Agora devo falar um pouco mais sobre a criação, mas desta vez não mais do evento da criação do mundo, tão presente nas tradições místicas, e sim do ato da criação em nosso dia a dia.  Como já afirmado no post anterior, a criação não é um fenômeno estático, ocorrido em um passado distante, ela continua hoje, com nossa participação ativa – o ser humano é o ser que mais realiza criação em nosso planeta.

Mas antes de entrar em detalhes, devo resumir o contexto geral: nós, como seres humanos, somos seres conscientes, em contato com energias mais sutis, em especial nossos pensamentos e emoções – somos os seres sensíveis mais sutis do nosso planeta. Além disso, estamos em meio a um processo dinâmico de criação/evolução, que consiste em, por meio de manifestações de novas energias sensíveis (criação), ocasionalmente se operarem transformações de energias mais densas em mais sutis (evolução), causando, no longo prazo, elevação da frequência energética de nosso mundo, até que, ao fim desse processo, estaremos todos perfeitamente identificados com a energia criadora, Deus.  Deve-se notar que contribuímos ativamente, mais ou menos conscientemente, com esse processo criativo / evolutivo, por meio de nossos pensamentos, palavras e ações em nosso dia a dia.

Esse é um resumo do que foi exposto sobre o “funcionamento” do mundo nos posts anteriores, e de nosso papel nesse universo em evolução.  A partir do exposto, surge uma questão da maior relevância: como fazemos isso?  Como colaboramos efetivamente na criação /evolução do mundo?  Podemos fazer isso de forma consciente?

Para responder essas questões, vamos seguir um raciocínio bem simples: como Deus criou o mundo?  Partindo de energias mais sutis para as menos sutis, sucessivamente.  E como então podemos criar algo?  Da mesma forma.  Mas que energia “mais sutil” deve servir de ponto de partida para nossa criação?  Ora, a mais sutil com a qual podemos ter contato voluntário e consciente – o nosso pensamento.

Daí é só estender a ideia acima para concluir que, para qualquer realização em nossa vida, necessitamos partir de uma ideia geral, depois um plano mais detalhado, depois comunicá-la aos outros – com o uso da palavra, outra energia menos sutil que o pensamento – e depois agir em conformidade, no mundo material.   E então podemos criar o que desejamos.  Mas isso tudo não é muito simples?  Simples demais, simplista até.     



Há alguns pontos adicionais a considerar nesse processo de criação humana.  Para começar, o que descrevi é a visão material do processo, em que alguém, a partir de uma ideia, com a colaboração de outras pessoas, realiza um trabalho qualquer.  Devemos reconhecer que esse processo está sujeito a inúmeras limitações de tempo, recursos, energia, materiais, etc.  Mas esse é o processo mais natural de criação/evolução do mundo – a questão é que ele é bastante lento, tanto que muitos nem acreditam que o mundo possa evoluir dessa forma.  Mas há outras dimensões mais sutis desse processo, que podem torná-lo muito mais “poderoso”.

Existem técnicas de criação mental que levam em conta a visão mística.  Um exemplo simples, descrito com detalhes no filme e livro “O Segredo”, consiste em se imaginar ou visualizar mentalmente uma cena com a situação esperada, buscando reforçar e fixar essa imagem em nossa mente por um tempo, em um estado emocional positivo, para depois liberar nossa mente consciente, confiando em sua realização.  Esse exercício, simples em sua descrição e realização, se realizado com a devida concentração e confiança, pode operar verdadeiros “milagres” em nossa vida, pois ele potencializa bastante os métodos naturais de criação. 

O mais difícil desse exercício nem é a visualização mental em si, e sim a atitude de confiança que deve prevalecer em nossa mente por longos períodos, até que efetivamente realizemos o desejo em questão.  Isso porque, em geral, baseados em uma visão objetiva de nossas experiências anteriores, temos uma tendência a sermos críticos e pessimistas demais, com pensamentos claramente dissonantes, que prejudicam imensamente os resultados do exercício.  Assim, devo dizer que, para se criar algo, confiança é fundamental.

Quando digo que o método descrito “potencializa” os métodos naturais de criação, estou dizendo que qualquer processo mais sutil de criação não poderá contrariar frontalmente as leis materiais, envolvidas em qualquer realização humana.  Isso significa que a utilização de qualquer “técnica mística” para atingir algum objetivo desejado não pode substituir totalmente os esforços materiais que façamos para atingir esse objetivo – esses métodos servem com auxílio, e não substituto ao esforço e disciplina necessários á realização de qualquer tarefa.  Assim, para se criar algo, disciplina é fundamental.

Vale lembrar um outro componente fundamental em nossas criações: o merecimento.  Ou seja, somente teremos sucesso naquilo que merecermos ter.  E o que significa “merecermos”, nesse contexto?  Representa estarmos preparados para tal realização, com plenas condições de aproveitar os seus melhores aspectos para nossa realização pessoal e para contribuir com a evolução do mundo, conforme descrito.  Em outras palavras, nossa “frequência pessoal” de energia deve estar compatível com o desejo em questão.

E quem determina se estamos ou não “preparados”?  Nós mesmos, por meio de nossas atitudes e também de nossas intenções.  Devo dizer, porém, que essa avaliação do merecimento é regulada por uma das leis impessoais que regem o universo, que facilita ou dificulta (podendo impossibilitar) a realização de qualquer tarefa, conforme nosso “estado interior” de preparação.  Essa “lei do mérito” pode ser enunciada da seguinte forma: “A criação somente será efetivada quando o criador (a pessoa que deseja) e a criatura (o desejo em si) tiverem frequências compatíveis entre si”. 

Como consequência dessa lei, pode-se afirmar que existe uma “avaliação de mérito” implícita em qualquer realização nossa – só conseguimos realizar o que estamos em condições de realizar, e essas condições incluem vários aspectos relevantes.  Para melhor entendimento, pode-se listar algumas perguntas básicas que devemos fazer para avaliar nosso mérito para aquele desejo:

- Tenho os requisitos básicos para ter o que quero - sinto-me preparado para isso?
- Tenho real noção do valor e da utilidade do que quero?
- O que pretendo fazer com o que quero?  É algo positivo para mim e para os outros?
- O que quero vai me prejudicar ou me destruir?
- O que quero vai prejudicar ou destruir alguém ou algum ambiente de forma injustificada?
- Tenho condições de aplicar conscientemente os resultados do que quero em benefício próprio e dos outros?

Essa questão do merecimento envolve uma visão que submete às leis gerais que regem o universo, incluindo a “lei do mérito”, a um imperativo moral, a um “direito natural”, em que a lei maior é a Lei do Amor.  Essa lei vem a ser a “mola mestra” do processo de criação/evolução já descrito, a força propulsora da elevação de nossas frequências energéticas.  Toda vez que amamos, ou que fazemos algo com amor, estamos ativamente ajudando nossa evolução e a de todos os seres do universo.  E o universo vai nos “ajudar” a realizar o que queremos.  Pois quem faz algo com amor, naturalmente confia, dedica-se com afinco e tem merecimento para obter o que deseja.  Naturalmente, vale o raciocínio oposto: toda vez que agimos em dissonância com a Lei do Amor, estaremos dificultando nosso caminho e o mundo à nossa volta vai nos “atrapalhar” bastante.

Bem, resumindo o processo de criação em nosso dia a dia, devo dizer que podemos criar muitas coisas boas e úteis para o mundo, normalmente muito mais que nossas crenças limitadas nos fazem supor, que somos todos dotados de talentos naturais e de uma vontade poderosa que, reunida à confiança, à disciplina e ao merecimento, podem realizar tudo o que precisamos para evoluir e ajudar a evolução de todos à nossa volta.  Para facilitar nosso trabalho, existem técnicas bem simples que potencializam essa energia criadora, que está presente em todo o universo e pode ser livremente usada por nós, sem limites.

Essa concepção “criativa” de nossa vida traz implicações relevantes para a nossa compreensão de mundo, e é uma ajuda fundamental para atingirmos o estado dinâmico de felicidade, objetivo maior da visão mística.  Tais desdobramentos serão tratados com mais detalhes adiante.  Por ora, ficaremos com esse esquema geral de como obter o que desejamos de bom, sem limites ou condições complexas – tudo muito simples e natural.

Que possamos todos ter cada vez mais consciência desses princípios e leis, e que possamos aplicá-los conscientemente para o auxílio universal e pessoal.  Confio sinceramente nisso!

Saudações fraternas.

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