Saudações a todos.
Após a sequência que tratou de diversos
obstáculos frequentes em nossa caminhada da Reintegração Divina, série de posts
com grande aplicação prática, devemos agora prosseguir com alguns princípios
básicos da visão mística, muito úteis para melhor compreensão do mundo que nos
cerca e dos eventos de nossa vida.
Uma das leis místicas mais importantes é o
Lei do Livre Arbítrio, que está diretamente associada à Lei da Causa e Efeito,
sendo por isso as duas tratadas em conjunto neste post.
A Lei do Livre Arbítrio postula que o ser
humano tem como atributo primordial a liberdade consciente, ou seja, ele pode
pensar, querer e fazer o que quiser, de forma consciente, tendo a capacidade de
prever a consequência de seus atos e comparar as diversas alternativas.
Deve-se notar que, em nosso planeta,
somente o ser humano tem essa prerrogativa, nenhum outro ser vivo tem
consciência desenvolvida o suficiente para poder escolher livremente, pesando
as consequências de suas escolhas.
Alguns animais apresentam formas rudimentares, ou até admiráveis, de “inteligência”,
e podem efetivamente saber as consequências de seus atos, mas não têm
capacidade suficiente para pesar as diversas alternativas. Em geral, os animais, mesmo os mais
“inteligentes”, estão condicionados a determinados comportamentos, em função de
estímulos positivos ou negativos para realizar certas atividades.
Os animais têm como principal motivação
para seus atos os seus instintos, em especial o de sobrevivência e o de
perpetuação da espécie. Daí, todos os
seus atos são definidos em função de um único parâmetro: o grau de conformidade
das consequências daquele ato aos seus instintos. Assim, se uma ação traz comida a ele, ela
será sempre repetida, pois comer faz parte de seus instintos. Se outra ação traz dor a ele, poderá ser
repetida por um tempo, mas logo será abandonada, uma vez que evitar a dor faz
parte de seus instintos. Tal fato é
amplamente conhecido por qualquer adestrador de animais.
Já em relação ao ser humano, seu
comportamento é definido pelos seus pensamentos e vontades, que provêm de sua
consciência. E, conforme a visão
mística, a consciência humana não provém simplesmente de processos químicos
cerebrais, não sendo um produto de nosso corpo, conforme é postulado, sem
comprovação satisfatória, pela psicologia moderna. Conforme a visão mística, nossa consciência
provém de uma entidade superior, externa a nós e simultaneamente interna a nós,
ou seja, transcendente e imanente: Deus.
Deve-se lembrar da Trindade Divina,
explicada em um post passado - Pensamento, Vontade e Ação Divinos - dos quais
nossos pensamentos, vontades e ações são reflexos imperfeitos. E nossa consciência, de onde provêm nossos
pensamentos, vontades e ações, é também um reflexo imperfeito da Consciência
Divina, ou seja, do próprio Deus, no seu aspecto mais elevado. Em outras palavras, nossa consciência é,
dentre os atributos sensíveis de nosso ser, o mais próximo de Deus – sugiro
meditar um pouco sobre essa questão, bastante profunda.
Existem dois atributos essenciais ligados à
nossa consciência, que provêm de sua origem “divina”: a liberdade e a
criatividade. E esses dois atributos
estão estreitamente ligados, pois sem liberdade não há como ser criativo. Somos livres para criarmos nosso “caminho
próprio”, exercendo o potencial criativo em nossas vidas, a fim de prosseguir
na caminhada da Reintegração Divina.
A Lei do Livre Arbítrio está ligada
diretamente a esses dois atributos de nossa consciência, e, sendo assim, ela
está associada a nossos pensamentos, vontades e ações, que são livres e
criativos por excelência. Podemos então
compreender a Lei do Livre Arbítrio como decorrência natural de nossa natureza
essencialmente divina e consciente. E
daí podemos concluir que nossos pensamentos, vontades e ações são, em essência,
livres e criativos, somente podendo ser tolhidos por nós mesmos, de forma mais
ou menos consciente.
Como já tratei no post passado, em que
falei da ilusão, o ser humano tem uma capacidade quase infinita de se iludir,
pelos mais diversos motivos, e com isso reduzir seu livre arbítrio
efetivo. Uma pessoa somente exerce seu
livre arbítrio de verdade se está totalmente consciente de sua natureza e da
finalidade de sua existência – é o que chamo de livre arbítrio consciente.
Por outro lado, a pessoa pode estar
envolvida de forma mais ou menos consciente em ideologias que a levam a
pensamentos distorcidos e emoções dissonantes – como por exemplo “aquele povo é
meu inimigo e tenho que exterminá-lo”, “meu povo tem sido perseguido e
precisamos nos defender”, “minha religião é a mais perfeita, todas as demais
levam ao inferno e devem ser combatidas”, “devo ter muitos bens e viver em luxo
para ser feliz”, “tenho que ter mais do que ele para me sentir bem”, “vivemos
em uma selva, é cada um por si”, “o uso ‘social’ de drogas é quase uma
necessidade nesse mundo tão desgastante em que vivemos”, “os fins justificam os
meios”, “se levo vantagem em cima dos outros, é problema dos outros”, “ele não
merece tanta consideração quanto eu”, “ele está sofrendo, mas merece”, “antes
ele do que eu”, “ele é um bandido e tem que morrer”, “quando eu tomar o lugar
dele, serei feliz”, “sei que está errado, mas é só um pouquinho, não vai
prejudicar ninguém”, “ele já tem muito, não vai sentir falta se eu pegar um
pouquinho”, “nenhuma pessoa de [certo lugar] presta”.
Pense bem, quantas vezes você já presenciou
esse tipo de ideias? E, mais ainda,
quantas vezes já se pegou tendo algum tipo de ideia assim? Mais ainda, quantas vezes teve atitudes
baseadas em ideias assim? Eu começo
respondendo por mim: eu já presenciei, já pensei e já agi assim, muito mais
vezes do que acharia correto – e temo que a maioria das pessoas que estão lendo
esse texto também respondam a mesma coisa.
Se analisarmos com cuidado, a maioria das
ideologias divulgadas pelos meios de comunicação de massa são essencialmente
egoístas, hedonistas, materialistas, e muitas vezes levam a intrigas,
confrontos e até guerras. Todos podem
facilmente perceber a quantidade imensa de histórias, reais ou fictícias,
contadas na televisão, no rádio, no cinema, no teatro e nos livros, com enredos
de violência e desentendimentos diversos, contendo atitudes egoístas,
hipócritas e traiçoeiras – infelizmente, esse é o conteúdo predominante em
nossa programação cultural.
Quantas notícias dissonantes vemos em um
jornal ou telejornal diário? E quantos
bons exemplos e atitudes desprendidas? Os
editores desses jornalísticos podem argumentar, com sua razão, que “notícia
ruim vende”. No fundo, o que esses
editores percebem muito bem é que o ser humano em geral tem muito mais interesse
no “mundo cão”, nas desgraças diversas que afligem as pessoas, do que em
atitudes altruístas e exemplos de dedicação ao próximo e á humanidade. E por que isso ocorre?
Ensaiando uma resposta à pergunta acima,
posso responder: por falta de consciência de quem somos e da finalidade
principal de nossa existência. Por
termos essas ilusões essenciais sobre nós mesmos, muitas vezes apreciamos e
praticamos hábitos péssimos para nossa saúde física, mental, emocional e espiritual,
buscando experiências degradantes, desarmonizadoras,
humilhantes para nós ou para outras pessoas, que no longo prazo somente nos
atrasam em nossa caminhada – mas não impedem que a completemos, que isso fique
bem entendido.
Sendo assim, acredito que, à medida que a
humanidade for evoluindo em seu grau de harmonização com o Amor Divino,
naturalmente esse tipo de interesse dissonante irá diminuir, e a programação de
nossos meios de comunicação de massa irá mudar radicalmente.
Recapitulando, posso dizer que a Lei do
Livre Arbítrio decorre de um atributo essencial de nosso ser, dizendo respeito
a todas as pessoas – todos têm liberdade de pensamento, vontade e ação, e têm
liberdade de expressarem livremente seus pensamentos, emoções e modos de vida,
bastando atenderem uma condição: serem seres humanos minimamente capazes de
pensar, desejar e agir.
Ressalte-se que essa liberdade nunca é
absoluta, estando sujeita a limitações típicas de nosso universo sensível:
limitações de tempo, espaço, capacidade física, limites psicológicos, etc. Por exemplo, uma pessoa não tem a liberdade
de pular um obstáculo de 10 m de altura – há uma limitação física nessa
ação. Mas, com o uso da tecnologia,
muitas dessas limitações vêm sendo superadas.
Mesmo assim, limitações sempre ocorrerão, pois são da natureza de nosso
universo sensível.
Há um ponto bastante relevante em termos
místicos: o livre arbítrio deve ser efetuado de forma consciente, ou seja,
devemos ter plena consciência de nossa natureza, potencialidades e objetivos de
vida para podermos exercer plenamente o livre arbítrio, sem sermos manipulados
por ideologias estranhas à nossa essência.
O livre arbítrio, para ser realmente livre, deve estar isento de
ilusões, algo praticamente impossível em nosso atual estágio de avanço na
caminhada coletiva da Reintegração Divina.
Em outras palavras, para fazermos
efetivamente tudo o que quisermos, temos que saber o que realmente queremos, o
que desejamos em nossa essência, qual o nosso propósito nessa vida, qual a
nossa “missão”. De que forma iremos
colaborar no objetivo coletivo maior?
Quais são nossos reais talentos?
Como deveremos desenvolvê-los e colocá-los em prática? Qual a nossa riqueza interior que deveremos
compartilhar com a coletividade? Somente
quando tivermos maturidade suficiente para sabermos as respostas das questões
acima, poderemos exercer o livre arbítrio de forma plena – nesse momento, todo
o universo estará a nosso favor, pois estaremos pensando, querendo e agindo em
harmonia com nossa essência, em harmonia com o Amor Divino.
Outra questão mística relevante é que o
Livre Arbítrio é válido para o curto e médio prazo, ou seja, ele tem total
influência sobre nossos caminhos e maneiras de alcançar a Reintegração Divina –
como, quando e onde a alcançaremos. Mas
quanto ao “longo prazo” místico, simplesmente não há livre arbítrio – não temos
como deixar de se reintegrar a Deus, pelo simples motivo de que somos unos com
Deus, não podendo existir fora de Deus.
Assim, não podemos escolher se vamos ou não
nos reintegrar, só podemos adiar essa reintegração o quanto quisermos, mas um
dia chegaremos lá, não há dúvidas. E
esse adiamento normalmente consegue postergar esse momento místico para depois
da nossa “morte física”, que será tratada com mais detalhes no próximo post,
mas, conforme a visão mística, esse fato não impede que, em um momento
posterior, possamos nos reintegrar.
Devo então fazer um apelo: pensem nas
questões acima, meditem sobre elas, exercitem o autoconhecimento, procurem se
conhecer melhor, por meio do contato com outras pessoas, por meio de vivências,
e cultivando um fértil diálogo interior com a sua “voz da consciência”, com a
fonte de seu saber intuitivo, com a parte acessível de seu “Deus
interior”. O autoconhecimento é
fundamental para um místico de verdade, e é um dos objetivos mais difíceis de
se alcançar – como eu já disse em outro post, a resposta à pergunta “quem sou
eu” é tão difícil quanto “quem é Deus”.
Mas podemos descobrir atributos, aspectos, que venham se revelando, e
que são de imensa ajuda em nossa caminhada.
Vamos prosseguir nessa busca!
Bem, após essa digressão sobre o livre
arbítrio, devemos abordar um aspecto bem relevante: se somente poderemos
exercer plenamente o livre arbítrio após o pleno autoconhecimento, algo
praticamente inacessível à grande maioria das pessoas, como agimos enquanto não
temos essa “plena consciência” almejada?
Como saber se nossos pensamentos, vontades e ações estão alinhadas com
nossa essência, com o Amor Divino?
Para responder essa questão, devemos falar
um pouco sobre a Lei da Causa e do Efeito, também chamada de Lei do Carma. Esta lei é válida para todos os eventos
materializados no universo sensível, ou seja, tudo o que se realiza
efetivamente no mundo material. Ela
atinge, assim, todas as ações realizadas pelas pessoas, mas não se aplica a
pensamentos ou vontades, a meras intenções.
Essa lei postula que todo ato tem algum
resultado compatível com a natureza deste ato, resultado esse que trará
compensações proporcionais para o agente.
Se o ato for harmonioso, em sintonia com o Amor Divino, terá
consequência construtiva e harmoniosa para o próprio agente. Caso contrário, se for desarmonioso, terá
consequência destrutiva para o agente.
Deve-se notar que mais importante do que o ato em si é a intenção do
agente, representada por seus pensamentos e vontades quando da execução do ato.
Tudo ocorre como se o universo à nossa
volta fosse um imenso espelho, que reflete de volta para nós tudo o que fazemos
nele, por meio de nossas ações. É como
se existisse um sistema de medida de “nobreza de intenções”, que recompensa na
justa medida atitudes motivadas pelos mais nobres sentimentos e também pelos
interesses mais egoístas.
Analisando melhor, podemos pensar nosso
universo como um conjunto de energias que interagem continuamente de forma
dinâmica. E, no que se refere à conduta
humana, essas energias consistem principalmente em pensamentos, vontades e
ações. Toda ação nossa tem pelo menos um
pensamento e uma vontade que a sustente.
Esta ação pode estar em maior ou menor harmonia com esse pensamento e
essa vontade, que podem estar em harmonia ou desarmonia entre si.
Bem, além do nossos pensamentos, vontades e
ações envolvidos em nossa conduta, há uma infinidade de outros pensamentos,
vontades e ações coexistindo em nosso universo.
E o fato é que cada ato nosso mobiliza o universo à nossa volta,
atraindo pensamentos, vontades e ações similares aos nossos.
Podemos dizer então que cada ato realizado
em nossa vida é uma declaração e uma definição de quem somos e do que queremos
que esteja ao nosso lado de agora em diante – até que um outro ato nosso nos defina
de forma diferente. Isso significa que a
cada momento passamos ao universo sinais do que gostaríamos de ter conosco, do
que gostaríamos que fosse reforçado em nós.
E o mais incrível é que o universo sempre atende nossos apelos, ele
sempre nos dá o que pedimos! Essa é a
análise do aspecto criativo de nossas ações.
Essa é também a essência da mensagem
contida no livro e filme “O Segredo”, sendo apresentada como o “grande segredo
dos místicos” – a Lei da Atração. Na
realidade, considero que não há “grande segredo” nenhum, pois tudo está dentro
de nós, basta “ouvir” nossa intuição, e que a Lei da Atração é muito relevante
sim, dentro do contexto maior da Lei da Causa e Efeito.
Continuando a análise, devido a essa
característica de nosso universo, de sempre prover de volta a nós energias
similares às que emitimos, a Lei da Causa e Efeito passa a ser facilmente
explicável: tudo o que fazemos emite energias para o universo, mais ou menos
harmoniosas entre si e com o Amor Divino, e tais energias atrairão outras
similares para nós, causando efeitos sensíveis em nós mesmos.
Devo acrescentar que esses efeitos nem
sempre são imediatos ou se referem ao mesmo assunto. As energias do universo sensível são bem
genéricas, e quando falamos que o que emitimos atrai energias “similares” de
volta a nós, estas envolvem uma variedade muito grande de situações, com uma
certa “essência” em comum.
Assim, se realizamos uma atitude egoísta,
ela atrairá energias referentes a atitudes egoístas, nas mais diversas
situações e, na primeira oportunidade, alguma dessas energias se manifestará em
nossa vida, ou seja, alguém agirá de forma egoísta conosco, e aí “colheremos o
que plantamos”.
Se essa atitude egoísta foi sustentada por
pensamentos puramente egoístas e uma vontade também egoísta, as energias
atraídas serão muito mais intensas, pois as energias envolvidas estarão
“alinhadas“ entre si, em ressonância, o que multiplica sua “concentração”, trazendo
consequências destrutivas mais intensas.
Se, por outro lado, a atitude egoísta não foi intencional, sendo
resultado de uma distração ou negligência de nossa parte, nossa atitude não
estará em perfeita harmonia com nossa intenção, e as energias atraídas serão
bem mais brandas, gerando consequências destrutivas mais brandas em nossa vida.
Da mesma forma, se agimos amorosamente com
alguém, sustentados por pensamentos harmoniosos e uma vontade também amorosa,
atrairemos para nós energias amorosas extremamente poderosas, e logo que
possível nossa vida será diretamente beneficiada por tais energias, que são
consequência de nossas boas obras. Se,
por outro lado, nossa benevolência foi acidental, sem querer, o benefício
advindo para nós será bem menor.
Devo acrescentar que, quanto mais nossos
pensamentos, palavras e ações forem harmoniosos com o Amor Divino, animados
pela intenção de ajudar os outros, de trabalhar para a Reintegração Divina de
todos os seres, mais poderosas serão as energias que estarão conosco, em um
círculo virtuoso impressionante. Pode-se
dizer que, se nos dedicarmos com disciplina e harmonia a esse objetivo, poderemos
realmente fazer “milagres”, feitos inacreditáveis.
Existem óbvias críticas à validade desta
lei, uma vez que é muito frequente observarmos “injustiças”, em que pessoas
muito bem intencionadas sofrem imensamente e pessoas extremamente egoístas e
más triunfam. Devo observar que tais
avaliações não consideram os fatos num contexto maior, e que a Lei da Causa e
Efeito possui uma complexidade que a torna difícil de demonstrá-la de forma
racional.
Isso porque, no método científico,
precisamos isolar um determinado fenômeno para estudá-lo, abstraindo tudo à
volta e testando se uma determinada proposição é válida para aquela situação
específica. Porém, no universo sensível,
todas as energias estão interligadas, o que torna impossível isolar algum
evento para testar sua validade. Assim,
a Lei da Causa e Efeito envolve infinitas interações de energias, sendo
praticamente impossível ter uma visão do todo.
Aquela pessoa fez muito mal a muita gente,
e terminou seus dias rica, famosa e poderosa.
Onde está a causa e efeito? Para
sabermos, temos que questionar: como estavam as emoções dessa pessoa? Será que ela vivia em paz, ou em tremenda
angústia? Será que ela tinha uma relação
harmoniosa com sua família? Ela
conseguia usufruir de forma saudável dos recursos que tinha à sua
disposição? Será que ela não vivia
dominado pelo medo de outros fazerem a ela o mal que ela sabia ter feito?
Aquela outra pessoa é tão boa, ajuda a
todos e vive na pobreza, carente de tudo, além de ter perdido seu filho único e
ter uma doença incurável. Como explicar
isso? Para começar, será que ela é tão
boa assim? Será que seus pensamentos e
vontades estão alinhados com suas ações?
Será que ela está sofrendo tanto assim com essa situação? Será que ela não considera aquilo uma
provação passageira, que serve para deixá-la mais segura sobre suas convicções?
O fato é que é muito difícil responder às
perguntas acima, porque em geral não temos o conhecimento do contexto
envolvido, dos pensamentos e vontades que estão por trás das ações. Assim, o que recomendo é confiança, confie
nas leis cósmicas, elas realmente não falham.
Devo acrescentar ainda que alguns casos
realmente escapam à racionalidade humana, como por exemplo as
crianças-prodígio, ou, por outro lado, as crianças que nascem com doenças
graves ou debilidades mentais. O que
elas fizeram para merecer esse efeito maravilhoso ou terrível em suas
vidas? A visão mística explica tais
casos extremos com a tese da imortalidade da vida – a vida, na concepção
mística, não se inicia no nascimento nem termina na morte. Esse ponto será melhor abordado no próximo
post.
Para concluir, resta falar da interação
entre a Lei do Livre Arbítrio e a Lei da Causa e Efeito. Na realidade, a Lei da Causa e Efeito é o
regulador natural da Lei do Livre Arbítrio.
Isso porque a liberdade ilimitada dada ao ser humano pela primeira lei é
limitada pelas consequências advindas da segunda lei. Em outras palavras, você pode fazer tudo o
que quiser, na hora que quiser, da forma que quiser, com quem quiser, mas deve
responder pelas consequências de seus atos.
Devo frisar que não se trata de nenhum
conceito de moral aqui. Por exemplo,
você pode matar, roubar, provocar uma catástrofe, comandar um genocídio, tudo
que estiver a seu alcance você pode fazer, mas a Lei da Causa e do Efeito irá
se aplicar a você, sempre – não se trata de julgamento de alguma conduta “boa”
ou “ruim”, mas simplesmente de uma consequência natural de seus atos.
Assim, o universo ou Deus não “condena” ou “absolve”
ninguém, não há juízo de valor essencial sobre nossa conduta – toda conduta é
válida e merece respeito, pois deriva da divina faculdade do Livre
Arbítrio. Apenas colhemos o que
plantamos, conforme já explicado neste post, de forma impessoal. Em essência, a coisa funciona assim: se você
alinha harmoniosamente pensamento, vontade e ação em consonância com o Amor
Divino, os efeitos serão predominantemente bons (mesmo que não pareçam, a
princípio). E vice-versa.
E por que eu disse que o Lei da Causa e
Efeito regula a Lei do Livre Arbítrio?
Porque o mecanismo de causa e efeito, na prática, é um dos melhores
“educadores” que podemos ter, desde que aproveitemos as “lições” que a vida nos
dá. Vamos pensar de forma bem simples:
se podemos fazer o que quisermos indistintamente – não há, em essência, nenhuma
censura prévia a nossos atos – o que poderia nos indicar qual a conduta mais
harmonizada com o Amor Divino? Qual
seria o guia mais seguro de nossas atitudes, para que possamos ter alguma
indicação segura de que estamos no caminho da Reintegração?
A resposta é bem simples: as consequências
de nossos atos. Sendo assim, a melhor
atitude para um místico é estar sempre atento às consequências de cada ato
praticado. E aqui incluo as reações das
pessoas afetadas, as transformações no ambiente à nossa volta, e,
principalmente, as nossas próprias reações internas, ou seja, como você se
sentiu após o ato – aquilo te deixou mais feliz ou houve uma “voz interior” que
te fez perceber que você fez a coisa certa?
Os “indicadores interiores” são, em geral, os mais confiáveis (desde que
estejamos com mínimo equilíbrio e saúde mental), mas não se deve ignorar os
indicadores externos, que podem ser bem relevantes em muitas situações.
Vamos citar um exemplo prático: será que a
humanidade está tratando bem o planeta em que vive? Qual a melhor maneira de se obter essa
resposta? Simples: analisando de forma
objetiva as consequências da presença humana no planeta nos dias atuais.
Por exemplo: aumento de temperatura global,
degelos de áreas polares e geleiras, maior frequência de fenômenos extremos -
tempestades, inundações, furacões - dentre outras consequências. Em função dessas observações, podemos
facilmente concluir que o ser humano, como espécie, está realmente pouco
harmonizado com seu ambiente natural, o que pode lhe trazer prejuízos globais
no médio e longo prazo, e já está trazendo prejuízos localizados no curto
prazo.
Isso não quer dizer que o planeta está
“castigando” a humanidade por estar se “portando mal”; quer dizer,
simplesmente, que o ser humano está sofrendo as consequências de uma contínua e
crescente violação a diversas leis naturais que regem o equilíbrio da vida
neste planeta.
E como resolver isso? Tendo plena consciência da situação e mudando
as atitudes, passando a estar mais harmonizado com as leis naturais da vida
neste planeta. E o fato é que essa
mudança de pensamentos, vontades e ações já está ocorrendo, e, se acelerarmos
essa mudança, em algum tempo a humanidade poderá se beneficiar dela. Esse é um dos grandes desafios de nosso
futuro próximo. Tal atitude de maior
conscientização é válida para qualquer atitude dissonante que estejamos
praticando em nossa vida.
Cabe então mais um apelo: que possamos
tomar consciência de nossas atitudes dissonantes, por meio das consequências
que elas trazem a nós, às pessoas a nossa volta e ao nosso ambiente, e possamos
livremente mudar nossos atos e criativamente construirmos um mundo melhor.
Devo agora falar de uma questão relevante
relativa à visão mística: o fatalismo.
Muitas pessoas têm uma ideia pré-concebida a respeito do misticismo, de
que seus adeptos seriam pessoas que poderiam "prever o futuro" e com
isso saber o que os astros, os números, as cartas, os búzios, as runas, etc.
reservam para você. E muitas pessoas se
apresentam intitulando-se portadoras de faculdades especiais, com dons de
profecia e adivinhação diversas, prontas para te "ajudar", na maioria
das vezes mediante pagamento. Em vários
livros religiosos, incluindo a Bíblia, existem menções a pessoas com essa
capacidade profética. Como conciliar
esse fato com a noção de livre arbítrio aqui mostrada?
Em outras palavras, será que nosso destino
já foi definido ao nascermos pela posição dos astros no céu, ou pelos números
associados ao nosso nome e data de nascimento?
Ou será que isso é um total absurdo e somos o resultado de nossas
escolhas conscientes ao longo da vida, como prevê a Lei do Livre Arbítrio? A resposta mais equilibrada é: nem uma coisa
nem outra.
Explicando melhor: se de um lado o
fatalismo "radical", que considera que já nascemos com nosso destino "traçado"
por circunstâncias aparentemente aleatórias é muito difícil de aceitar - se
fosse assim, por que teríamos a liberdade de escolha de nossos atos? - por
outro lado deve-se reconhecer que, pela Lei da Causa e Efeito, estamos sujeitos
a diversas energias que nos influenciam o tempo inteiro, resultado de escolhas
passadas feitas por nós mesmos, em um nível mais ou menos consciente.
Assim, existe validade sim nesses métodos
pretensamente "divinatórios", não para saber exatamente o que
ocorrerá em nossa vida, mas sim para captar essas energias "cármicas"
que estão à nossa volta, muitas vezes sem que tenhamos consciência disso. Assim, as profecias são muito úteis como
alertas - "tal coisa poderá ocorrer com você, se você não mudar o rumo de
sua vida", ou seja, "tal coisa ocorrerá com você, se você continuar a
fazer as mesmas escolhas que vem fazendo".
Resumindo, essas "adivinhações"
do futuro podem ser muito úteis para termos consciência de energias relevantes
que estão à nossa volta, mas, pela Lei do Livre Arbítrio, sempre poderemos
mudar o rumo de nossa vida, por mais dissonantes que sejam as energias ã nossa
volta, energias essas sempre atraídas por nós mesmos, de forma mais ou menos
consciente, re que podem, por nosso livre arbítrio, serem afastadas de
nós. Basta querermos e persistirmos, o
resultado virá, isso é certo.
Assim, se tivermos essa visão mais
"flexível" do significado dessas previsões, elas podem sim ser muito
úteis, em termos individuais ou coletivos.
Há que se ter cuidado, porém, com os indivíduos mal preparados ou mal
intencionados, que simplesmente usam técnicas de persuasão para envolver
pessoas inocentes em uma rede de medos e rancores, na maioria das vezes com
finalidade de ganhos materiais. Daí vale
o que já disse em outro post: nunca aceite nada como verdade absoluta, pense,
medite e veja se aquilo vale para você.
Evite as ilusões!
Saudações fraternas.
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