quinta-feira, 24 de outubro de 2013

O Além - Universo Transcendental


Saudações a todos.

Em posts anteriores, fizemos menção a uma “realidade transcendente”, além da percebida pelos nossos cinco sentidos.  Vamos então detalhar um pouco melhor esse plano sutil de energias, que tem existência real, conforme a visão mística.

Na realidade, esse ponto representa uma distinção fundamental entre visão mística e ciência oficial – a ciência, por princípio, somente cuida de fenômenos verificáveis de alguma forma, sempre envolvendo algum sentido objetivo – em geral a visão. 

Já a visão mística busca considerar os fenômenos de forma mais abrangente, com o apoio da intuição – a questão é que a intuição é muito mais subjetiva que a percepção, pois enquanto esta pode ser facilmente compartilhada ou replicada por terceiros; a intuição, por sua natureza sutil, raramente é compartilhada por várias pessoas, e mesmo nesses casos raros o fenômeno intuitivo causa impressões diversas em cada pessoa.

Esse fato acima leva muitas pessoas a, em nome de um “senso prático”, simplesmente desconsiderar a intuição como fonte de conhecimento, o que, em meu ponto de vista, tende a limitar sua visão e, pior ainda, a limitar suas possibilidades de alcançar o estado de felicidade – não que isso seja impossível, mas a pessoa abre mão de uma ferramenta muito útil na busca da felicidade, tornando esse caminho mais árduo.  Naturalmente, guardo o devido respeito às escolhas de cada um, para mim elas são sagradas, no sentido mais amplo desse termo.

Por outro lado, o fato de a visão mística considerar a existência de um outro plano de existência, mais sutil, faz com que muitos considerem que os místicos são simplesmente “estudantes do além”, o que não considero muito apropriado – aliás, não considero nada apropriado. 

Embora o estudo e o contato com planos sutis seja algo muito útil para entendermos melhor muitos fenômenos de nosso dia a dia, entendo que isso não pode ser um fim em si mesmo.  Na realidade, penso que um místico deve ter como principal objetivo ser feliz, e ter a consciência de que, para isso, ele deve trabalhar e servir dentro de suas possibilidades, ajudando sempre que possível a todos na reintegração à divindade.  O estudo e o contato com planos sutis pode ser uma ferramenta muito útil para isso, nada mais que isso, por mais que esse estudo possa parecer fascinante.

Esse ponto acima deve ser bem enfatizado, uma vez que muitos “místicos” se apresentam como “dominadores” de energias ocultas, como “mestres” de magias diversas, capazes de produzir fenômenos realmente incríveis.  Acredito que sejam possíveis realmente efeitos maravilhosos a partir do estudo sério e da prática constante relacionada a energias sutis, mas acima de qualquer fenômeno está a motivação e o mérito dessas iniciativas. 

Assim, a questão mais relevante, para mim, é: para que serve isso?  Isso ajuda as pessoas a serem mais felizes?  Qual o real mérito dessa iniciativa?  Infelizmente, algumas iniciativas têm como principal efeito simplesmente atrair a atenção das pessoas para os méritos extraordinários do “místico”, e dessa forma se tornam vazias do mérito real.  Isso porque, pela Lei do Amor, só tem real mérito o que ajuda as pessoas a evoluírem em busca da reintegração, de forma amorosa.  Uma iniciativa que somente faz com que as outras pessoas fiquem admiradas, ou com medo do autor, realmente não se encaixa nessa definição de “mérito real”.

Feitas essas considerações, vamos falar um pouco sobre essa “realidade transcendente”, sobre esses planos sutis.  Para começar, devo citar a Lei da Analogia para dizer que, tal como é aqui, também é lá, ou seja, há similaridades de fenômenos no plano físico e nos plano sutis.  Assim, pode-se considerar que há diversidade de energias, em diversos aspectos, que há pensamentos, vontades e ações diversas, e que todos os planos podem ser esquematizados com quatro elementos básicos, tal como descrito nos posts anteriores.

Em consequência do acima descrito, pode-se verificar que existem diversos planos mais sutis que o nosso – o número mais próximo da realidade seria o infinito.  Diversas tradições místicas se dão ao trabalho de determinar um número determinado de planos sutis, número este que depende da tradição considerada, mas devo afirmar que todos esses números são simplificações úteis para nosso entendimento.  Uma classificação que acho muito útil, por ser muito simples, seria classificar esses planos em “baixo astral”, “médio astral” e “alto astral”.  Essa é a classificação que adotarei e explicarei a seguir.





Falando rapidamente sobre esses planos, tem-se que o “baixo astral” é o plano mais próximo ao nosso mundo sensível, sendo o mais similar.  Nesse plano existe ainda a dualidade manifestada, em forma mais “branda” que no mundo material, o que significa que há energias “boas” e “ruins”.  Esse é o plano mais fácil de se entrar em contato, sendo muito frequente que as pessoas se conectem a ele, muitas vezes sem perceber. 

É mais fácil perceber as energias desse plano quando há multidões com um objetivo comum – em festas ou solenidades coletivas, eventos esportivos, shows artísticos, grandes catástrofes, por exemplo – em que há uma concentração muito grande de energias sutis que se reforçam, sendo facilmente percebidas por pessoas com maior sensibilidade.  Deve-se notar que, nesse plano, as percepções e emoções já são bem diferentes das que temos no mundo material, sendo mais delicadas, sem algo parecido com uma dor física, por exemplo – embora possa haver sofrimento em certo grau.

O “baixo astral” é o plano em que ocorre a chamada “magia do bem” ou magia branca, em que se empregam meios sobrenaturais para auxílio à humanidade.  Além disso, é o plano onde ocorrem os fenômenos denominados “paranormais”, objetos de estudo da parapsicologia – telepatia, telecinese, materialização, premonição, e vários outros. 

Além disso, esse “baixo astral” é necessariamente o plano atingido por todos os que buscam prejudicar outras pessoas por meios místicos, no que se denomina magia negra ou feitiçaria, por ser o único plano que se presta a esse tipo de finalidade.  Nesse plano também podem ocorrer encontros “fantasmagóricos” com as chamadas “almas penadas” que podem assustar alguém, ou fazê-lo se sentir desconfortável.

Devemos afirmar, porém, que nesse plano, como em qualquer outro, a Lei do Amor é soberana, e qualquer “poder maléfico” ou “presença assustadora” sempre estará subordinado ao Amor, que é necessariamente bom, tem existência real e é proveniente de Deus, por meio dos níveis mais sutis (alto e médio astral).  Sendo assim, esses poderes “do mal” são muito limitados, facilmente anuláveis por energias mais sutis – seu grande poder vem do nosso próprio medo.

Devo ressaltar, porém, que o “baixo astral” não é necessariamente negativo, sendo bem próximo do que vemos no mundo material, ou seja, há energias positivas e negativas lá – nesse plano, as energias positivas começam a ter um caráter explicitamente dominante, ao contrário do nosso plano material, onde essa “prevalência do bem” nem sempre é visível ou perceptível.

Em relação a um contato com esse plano, bastante frequente por sinal, posso dizer que seu grau de harmonia interior irá determinar com quais energias você entrará em contato, sendo válida a Lei da Atração – semelhante atrai semelhante.  A inspiração artística ou criativa, por exemplo, pode ser considerada uma conexão com energias sutis desse plano, que nos permite ter ideias geniais para diversas realizações materiais.  A partir dessa conexão, pode-se realizar experimentos de criação mística, citados em outro post: em resumo, visualização do objeto do desejo e gratidão por já tê-lo obtido.

Em relação ao “médio astral”, devo dizer que ele é um plano muito importante, por ser a resposta, para a maioria das pessoas, de duas perguntas fundamentais relativas à sua vida: “De onde viemos?” e “Para onde vamos?” Em outras palavras, é o local para onde a maioria das pessoas vai depois que morre – sendo que algumas ficam um tempo no “baixo astral”, sendo chamadas popularmente de “almas penadas”.  Também é o plano onde elas ficam antes de nascer.  Sendo assim, quando eu descrever com mais detalhes em outro post o ciclo da vida, um ponto fundamental na visão mística, falarei mais sobre o “médio astral”.

O “médio astral”, desta forma, se relaciona diretamente com os conceitos religiosos de paraíso e inferno, que seriam os lugares alternativos para onde iríamos depois da morte, conforme a teologia cristã – e ainda há o purgatório, como uma opção temporária.  Permito-me ter outra concepção: em resumo, não acredito na existência de inferno ou purgatório, embora reconheça a possibilidade de a alma de um morto poder ficar um tempo em um estado de “desconforto” enquanto não se harmoniza com o “médio astral” – que seria similar ao paraíso, com alguns detalhes diferentes.  Mas, como já dito, esse tema será melhor detalhado em outro post.

Naturalmente, como demonstra mais de um século de doutrinas e práticas do espiritismo, é possível o acesso em vida ao “médio astral”, com a consequente comunicação com pessoas já falecidas ou que nem nasceram.  Tal comunicação é quase uma rotina na vida de muitos místicos, e pode ser de grande ajuda a muitas pessoas que perderam parentes queridos ou que estejam ansiosas sobre filhos que ainda virão.  Esse acesso, porém, é muito menos frequente que o acesso ao “baixo astral”, que ocorre o tempo inteiro.

Quanto ao “alto astral”, é o plano mais elevado e próximo de Deus, sendo o mais distante do mundo material.  Neste plano não há mais dualidade manifesta, havendo a plena consciência da unidade Cósmica para todos a todo momento – é nesse plano que se situa o que chamamos popularmente de “essência” ou “alma” de todos os seres.  As religiões normalmente chamam esse plano de “paraíso” ou algo similar, sendo muitas vezes idealizado em forma de imagem ou paisagem – o que não corresponde à realidade, mas pode nos ajudar a conceber simbolicamente esse plano energético.

Algumas pessoas conseguem acessar esse plano depois que morrem, ou antes de nascer, sendo pessoas realmente harmonizadas com Deus – chamados popularmente “iluminados”.  Eles são raros, mas não tanto quanto muitos pensam – a toda época existem algumas pessoas na humanidade nessa situação, e elas cumprem um papel relevante na manutenção da evolução da humanidade, muitas vezes de forma anônima e discreta.

O “alto astral” é um plano muito difícil de ser acessado em vida, mas é possível que um místico muito avançado possa acessá-lo em alguns momentos fundamentais de sua vida no plano material, em um evento raríssimo na história do mundo, mas não impossível – um exemplo famoso foi o momento da crucificação de Jesus Cristo, em que, conforme a teologia cristã, houve a “redenção da humanidade” – mas esse é só um exemplo, que tem por único objetivo mostrar como seria raro um momento desses, independentemente da veracidade ou validade dessa crença.

Bem, acho que consegui dar uma ideia geral de como são os planos mais sutis da Criação.  Esse tema tem sido amplamente estudado por tradições místicas diversas, sendo muito longo e detalhado, mas creio que aqui estão as ideias fundamentais.  Vários aspectos dos planos sutis deverão ser mencionados e explicados ao longo dessa série de textos, já que esse assunto é realmente fundamental em qualquer visão mística.  Mas, como já disse anteriormente, mais fundamental de tudo é sermos felizes, tudo o mais deve se submeter a esse objetivo e à Lei do Amor.

Saudações fraternas.

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