quarta-feira, 9 de outubro de 2013

A Trindade Essencial: Pensamento, Vontade e Ação



Saudações a todos.

Após falar da Unidade Cósmica e da Dualidade da Criação, falarei um pouco sobre um atributo comum a Deus e a sua criação, que é a Trindade.  Tal como os outros dois conceitos, este é um conceito básico e geral, bem abstrato, mas que tem implicações práticas muito importantes.

Tal como a Dualidade, a Trindade representa uma simplificação, um modelo mental que nos permite compreender questões mais complexas, de forma bastante prática e útil.  Isto porque na realidade há uma hierarquia de energias, já descrita no post sobre a Criação do Mundo, que é em tese infinita, mas que pode ser reduzida, para muitos efeitos práticos, a três níveis energéticos relevantes, que se identificam com pensamento, vontade e ação.  Naturalmente existem pensamentos mais ou menos sublimes, assim como vontades ou ações mais ou menos elevadas, mas podemos generalizar essa variação infinita de energias nesses três conceitos básicos.

Vou começar falando um pouco sobre Deus, sobre a ideia que fazemos dele.  Novamente, devo lembrar que não tenho intenção de conceituar Deus em si, ou de responder taxativamente à pergunta “o que é Deus?”, mas há algo sobre Deus que pode ser bem conceituado: seus atributos perante sua criação, ou seja, a “face” que Deus mostra a nós, criaturas, em nosso universo sensível.  Assim, estarei falando não de Deus em si, mas de suas manifestações mais próximas de nosso mundo, ou seus “atributos sensíveis”.

Essas manifestações podem ser classificadas, ou padronizadas, em três níveis energéticos, que podem ser denominados de forma simples, por analogia, como Pensamento Divino, Vontade Divina e Ação Divina.  Pode-se denominar esses níveis como Pai, Filho e Espírito Santo, como Sabedoria, Força e Beleza ou como Luz, Vida e Amor – esses são somente alguns exemplos extraídos de diversas religiões e filosofias místicas.  Associadas a essas manifestações padronizadas, temos os atributos de onisciência, onipotência e onipresença divinos, encontrados em diversas tradições místicas.

Bem, abordando rapidamente cada uma dessas manifestações, pode-se dizer que o Pensamento Divino possui o conhecimento total, correspondendo a tudo o que se pensa a qualquer tempo em nosso universo, bem como a todas as leis inteligentes que regem o universo ordenado, que podemos chamar de Cosmos – devemos lembrar que a lei maior, a que sempre prevalece em nosso mundo, é a Lei do Amor. Seu principal atributo é a sabedoria e sua natureza essencial é de emissor criativo, sendo a origem primária das criações sensíveis. Nele reside a memória do universo, ou seja, o registro de tudo o que já ocorreu no mundo – também chamado de “Arquivos Acásicos”.  Em suma, é o centro de controle geral do universo, a onisciência divina.

Já a Vontade Divina é fundamental para que as ideias básicas provenientes do Pensamento Divino possam tomar forma sensível e influir em nosso mundo, pois é ela que faz a mediação para que estas se harmonizem com a Ação Divina.  Ela atua também na obediência às leis que regem nosso universo, como espécie de “guardiã” das mesmas, garantindo que elas sejam efetivamente aplicadas a todo o momento, em todos os lugares.  Além disso, é a responsável pela importante função da comunicação entre os diversos planos energéticos, pela sua natureza de mediadora, sendo também conhecida como Palavra de Deus ou Verbo Divino.  Seu principal atributo é a força e sua natureza essencial é a de elo de ligação, que propicia a influência entre as diferentes energias. Em suma, é um suporte fundamental da ordem cósmica e da criação dinâmica, a onipotência divina.

Finalmente, a Ação Divina é a presença efetiva de Deus em nosso mundo, de forma sensível (ou o mais próximo possível disso), que se identifica com o sentimento do amor, mas um amor perfeito, despido de egoísmo ou outros sentimentos dissonantes, o amor em estado puro, o amor a tudo e a todos, aceitando-se o universo como ele é – uma maravilha da criação dinâmica, sempre em movimento, rumo à reintegração divina.  Seu principal atributo é a beleza e tem como natureza essencial receber ideias criativas e transformá-las em realidade. A Ação Divina é a manifestação mais próxima a nós, e normalmente nos referimos a ela em momentos de aflição, esperando um auxílio imediato.  Deve-se notar que esse amor divino existe em todo o universo, sem restrições, sendo a onipresença divina.

Devo acrescentar que essas três manifestações não são de forma nenhuma distintas, sendo três aspectos diferentes da mesma realidade essencial e estando presentes o tempo todo e em todos os lugares em nosso mundo – Deus está sempre entre nós, dentro de nós e fora de nós.  Algo meio difícil de conceber, mas é assim, vem da natureza do nosso universo e do nosso Criador.

Devo lembrar que temos dentro de nós pensamentos, vontades e atitudes (que representam a face mais visível de nossa personalidade, afetando o mundo à nossa volta), mas de forma alguma somos três pessoas por conta disso, no fundo são três aspectos (ou três manifestações distintas) de uma única pessoa – isso é bem fácil de reconhecer.  Assim também é com Deus, único em suas diversas manifestações.



Agora falarei um pouco dessa trindade dentro de nós, afinal, como já dito, Deus também está em nós.  Todos temos pensamentos, vontades e ações, que são três níveis de energia diferenciados que nos permitem realizar a criação de nosso futuro, no dia a dia.  Porém essas energias, que são verdadeiros tesouros e contêm a chave para nossa felicidade, estão submetidas a uma lei muito importante para a visão mística, que é a Lei do Livre Arbítrio. 

O livre arbítrio vem a ser um dos maiores dons do ser humano, um verdadeiro fator de diferenciação entre humanos e demais seres vivos em nosso planeta.  Somente o homem tem consciência desenvolvida o suficiente para tomar decisões deliberadas.  Somente ele pode livremente escolher entre inúmeras opções de pensamentos, vontades e ações a todo o momento.  Embora pareça-nos muitas vezes que estamos “forçados” a pensar de uma certa forma, a desejar certas coisas ou a agir de forma determinada, na realidade temos um poder muito grande de decisão sobre nossa vida, poder que inclusive podemos delegar a outros, o que é muito mais comum do que possa parecer.

Mas essa questão do livre arbítrio e suas consequências importantíssimas em nossa vida será tratada com mais detalhes em um post específico.  Devemos somente partir desse conceito para dizer que o livre arbítrio é o grande fator de transformação de nossa vida e nosso futuro, o que pode ser resumido com o famoso ditado: “querer é poder”.

Assim, poderemos utilizar nossos pensamentos, vontades e ações de forma a criarmos algo útil e construtivo, em harmonia com a Lei do Amor e com a Trindade divina – Pensamento, Vontade e Ação Divinos.  Em outras palavras, podemos “imitar” Deus, ou pensar, desejar e agir em harmonia com Deus.  Essa é precisamente uma das formas mais simples de se conceber uma vida feliz: a vida em harmonia com Deus.

Para realizarmos essa harmonia com Deus, temos diversos recursos à disposição: nossa razão, nossas emoções, nossas percepções e em especial nossa intuição, que pode ser desenvolvida de forma metódica, por meio de práticas místicas muito simples e eficazes, sendo as principais a oração e a meditação.  Na realidade, é importante desenvolvermos um “diálogo interior” com nosso ser mais profundo, com nossa “voz da intuição” ou “voz da consciência”, para que possamos ter um contato mais próximo com essas energias divinas (a Trindade em especial) que podem nos guiar e servir de referência em todos os lugares e a todo o momento.

Vale lembrar também o outro lado da questão – podemos simplesmente fazer diferente, tendo pensamentos dissonantes, vontades pervertidas e ações condenáveis, criminosas, todos eles contrários à Lei do Amor.  O livre arbítrio sempre nos permite isso, faz parte do processo, não existe nenhum meio eficaz de se proibir completamente que alguém possa fazer tais escolhas.  Nesse caso, mesmo tendo a Trindade dentro de nós, não teremos consciência de seus Pensamentos, Vontades e Ações, como se estivéssemos em um “refúgio”, um “castelo” erguido pela nossa vontade distorcida, que nos impede de perceber energias mais elevadas.  E caímos na “ilusão da consciência”, ilusão esta que envolve diversos aspectos relevantes.

Esse estado de “ilusão” é muito comum, e devemos ressaltar que trata-se exatamente de uma “ilusão”, muito poderosa e muito conveniente às vezes, mas sem poder “legítimo” – ela tem somente o poder que a atribuímos.  Ao longo do tempo, os diversos aspectos dessa ilusão tendem a ser questionados e combatidos, em um processo muito doloroso e complexo, que faz parte da dinâmica de nossas vidas, até que a Lei do Amor termina por predominar, e nossa Trindade interior pode então brilhar e se harmonizar com Deus.  Esse assunto será melhor abordado em posts futuros, sendo realmente fundamental na visão mística, por ser uma verdadeira chave de compreensão de como se alcançar a felicidade.

Que possamos então estar sempre atentos e harmonizados com as energias divinas mais elevadas, para que possamos experimentar a felicidade da forma mais plena possível!

Saudações fraternas.

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