quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Os Quatro Elementos: Percepção, Emoção, Razão e Intuição


Saudações a todos.

Seguindo nossa “ordem numérica”, após falarmos de Unidade, Dualidade e Trindade, resta falar de alguns padrões de energia que ocorrem com muita frequência na Criação, conhecidos como os “quatro elementos”.  Mais uma vez tenho que ressaltar que este número quatro representa uma simplificação, que facilita enormemente a compreensão da estrutura básica de diversos fenômenos de nosso universo, inclusive o que considero o mais relevante de todos, que é a mente humana.

Pode-se considerar manifestações complexas em determinado nível energético como sendo compostas de “quatro elementos básicos”, como se fossem quatro raios dividindo um círculo (que simboliza o infinito) em 4 regiões mais simples (os quadrantes).  Assim, pode-se eleger 4 referências (4 pontos) que se destacam em relação ao todo infinito (a circunferência em si).  O esquema descrito forma um desenho muito significativo, mostrado de forma sutil na figura acima.

Relacionada a esta delimitação básica está um dos mais antigos símbolos místicos utilizados, que é a cruz. Os símbolos místicos têm grande importância na visão mística, sendo componentes importantes de seus ensinamentos, e serão devidamente tratados em posts futuros.
 
De forma geral, essa delimitação é “horizontal”, ou seja, a frequência energética dos quatro elementos é similar, em um mesmo nível energético – frequências diferentes, mas próximas entre si.  Deve-se notar que a diferenciação entre os elementos da Trindade, explicada no post anterior, é bem mais radical, tratando-se de energias com frequência bem diferenciada – pode-se considerar a trindade uma delimitação “vertical”.

Vamos começar então com a definição mais popular de quatro elementos, que é a atribuída aos antigos gregos, ao descrever a natureza material, explicando que toda matéria é formada por quatro elementos primordiais; terra, água, ar e fogo.  Obviamente a química moderna sustenta que os “elementos” que compõem as substâncias materiais são muito mais de 4 – na realidade, são mais de 100, tendo sido encontrados mais de 90 “elementos” na natureza até o momento.

Mas estamos falando de outro conceito de “elemento”, na realidade uma simplificação da realidade, que tem uma vantagem importante: é muito mais acessível ao nosso entendimento.  Afinal, quem conhece mais de 20 elementos químicos?  Já esses 4 indicados pelos gregos são bem familiares a nós.

Podemos então associar, de forma mais objetiva, esses 4 elementos aos estados físicos conhecidos da matéria – sólido (terra), líquido (água), gasoso (ar) e plasma (fogo), este último menos popular e mais recente, mas não menos real.  Vou aproveitar essa associação, bem simples e prática, para indicar o conceito de delimitação “horizontal”.  Tem-se que os elementos indicam energias de frequências diferentes – pode-se perceber que o plasma é mais sutil que o gás, que é mais sutil que o líquido e assim por diante.  Além disso, pode-se notar que tudo é matéria física, sensível, que interage fisicamente em nosso universo sensível, ou seja, pertence a uma categoria energética definida, que é diferente de outras, mais sutis. 

Em outras palavras, tudo ocorre como se o plano da manifestação sensível, em si uma energia mais densa que qualquer outra desse universo, fosse dividido em quatro grandes compartimentos, que compartilham várias características em comum (por estarem no mesmo plano), mas que têm suas características próprias, singulares – é como se fossem quatro aspectos (manifestações) diversos da mesma energia, podendo ser estudados separadamente e contribuírem para a compreensão do todo.

Outro raciocínio útil é associar os elementos com dualidades fundamentais.  Nesse caso, pode-se pensar nas dualidades frio/quente e seco/úmido.  Em uma associação intuitiva, pode-se pensar na terra como seca e fria, na água como úmida e fria, no ar como seco e quente, e no fogo como úmido e quente.  Naturalmente, essas dualidades citadas podem ser interpretadas simbolicamente: frio/quente sendo denso/sutil e seco/úmido como sendo inerte/ativo, por exemplo, e daí podem vir muitas reflexões úteis. 

Este é um exercício interessante, o de meditar sobre esses elementos e suas dualidades associadas, sendo um bom exemplo de “raciocínio místico”, de natureza analógica, que busca estabelecer correspondências entre fenômenos concretos e sensíveis e ideias e princípios mais abstratos. 



Mas o enfoque mais relevante sobre os quatro elementos diz respeito a suas associações em um plano mais sutil de energias: a nossa consciência objetiva.  Essa é uma das analogias mais importantes da visão mística: percepção - terra; emoção - água; razão - ar; e intuição - fogo.  Como já dito a respeito dos quatro elementos, esses são, na realidade, quatro aspectos de nossa consciência una, que podem ser analisados separadamente e contribuírem para a compreensão do todo.  Vamos detalhar agora cada um desses aspectos.

Para começar, a percepção.  Vem a ser a porta de comunicação, por meio dos cinco sentidos e da interpretação objetiva feita em nosso cérebro, entre nossa mente e o mundo à nossa volta, que ocorre ao recebemos os estímulos externos, ou seja, a todo momento.  Deve-se perceber que a percepção não é o mundo lá fora – em outras palavras, a visão de uma árvore não é a árvore em si, e só o que nossos olhos conseguem perceber sobre a árvore.  Assim, a percepção não capta a essência das coisas externas, e sim impressões superficiais sobre elas. 

Agora a emoção.  A emoção é um processo interno, configurando uma reação mental a um estímulo qualquer, podendo ser bem diversificada.  Apresenta uma dinâmica impulsiva e irracional, sendo mais rápida que o pensamento, e se relaciona diretamente com nosso corpo físico, com seu funcionamento mais ou menos harmonioso – a ciência atual demonstra as variações fisiológicas decorrentes de nossas emoções. Nossas emoções  obedecem a uma polaridade básica: prazer / sofrimento, que nos faz distinguir emoções “boas” e “ruins”, quando seria mais adequado falar em emoções “harmonizadoras” e “dissonantes”, tendo o sentido de colaborar ou atrapalhar nossa harmonia interior.  São o objeto principal de estudo da psicologia e do trabalho dos terapeutas místicos em geral – inclusive nas terapias mais voltadas ao corpo físico.  São principalmente um indicador precioso da validade de pensamentos, vontades e atitudes de nosso dia a dia – que são válidos quando estão associados a emoções “harmonizadoras” e vice-versa.

Sobre a razão, também é um processo interno, sem relação direta com o mundo exterior, sendo o mais fácil de se conceber e entender, por ser a parte racional de nossa mente.  Ali estão os pensamentos e ideias conscientes e descritíveis.  Na sociedade ocidental moderna, é supervalorizada, normalmente se identificando a consciência humana como um todo com esse aspecto, o que é bastante limitador – deve-se reconhecer que boa parte de nossas vontades e atitudes não tem origem em pensamentos racionais e fundamentados, apesar de nossa crença comum em contrário.  Esse fato gera muitas frustrações e desencontros, muitas decepções – o convívio humano seria muito mais harmonioso se procurássemos entender melhor as diversas dimensões de nossa consciência.

A razão, por sua vez, pode ser percebida como tendo três aspectos distintos, muito importantes, relacionados aos conceitos de passado, presente e futuro: a memória, o raciocínio e a imaginação.  Esses elementos se combinam para formar os pensamentos e as ideias que governam nossa mente.  Devo ressaltar que a imaginação é a ferramenta básica utilizada para criarmos nosso futuro, tendo especial atenção da visão mística – um místico necessariamente deve exercitar sua imaginação, e a meditação pode ser de grande auxílio para esse fim.  Por outro lado, a memória é a base sobre a qual se assenta o raciocínio e também a imaginação – somente se pode imaginar algo com base em uma ideia já vivida ou pensada anteriormente.

Finalmente, a intuição, tal como o fogo, é a parcela mais sutil de nossa consciência, e envolve a conexão entre nosso ser e Deus, ou mais precisamente entre nosso ser e as energias mais sutis da criação.  Ela seria o “polo oposto” da percepção, que representa a conexão entre nosso ser e as energias mais densas, e na realidade essas duas faculdades são complementares, servindo como fontes primárias de conhecimento.  Da mesma forma que a percepção, a intuição pode e deve ser desenvolvida, de forma que possamos estar mais conscientes das energias sutis presentes em nosso universo, e possamos nos harmonizar cada vez mais com elas.

Deve-se notar que, assim como a percepção possui cinco sentidos objetivos, que correspondem a órgãos funcionais, tais como “portas de entrada” dos estímulos provindos de energias mais densas, temos também órgãos funcionais da intuição, ou seja, locais que funcionam como “portas de entrada” de estímulos originados de energias mais sutis. 

Esse ponto é muito estudado na visão mística, havendo diversas teorias a respeito.  A que eu considero mais interessante é a visão oriental dos chakras, centros principais de atividade energética sutil em nosso corpo.  Em geral, eles se relacionam com alguma glândula endócrina, ou algum ponto especial de nosso sistema nervoso – por sinal, nosso sistema nervoso tem relação muito próxima com todos os órgãos funcionais da percepção e da intuição.  Falaremos mais desse ponto em outro blog.

Uma mente harmonizada é a que consegue equilibrar de forma justa essas quatro dimensões.  E esse vem a ser um dos principais desafios que encontramos em nossa vida.  Em especial, temos duas dicotomias que nos acompanham o tempo todo: razão x emoção e percepção x intuição.  Quantas vezes ficamos em dúvida se ponderamos melhor ou seguimos nosso coração?  Qual é a melhor opção?  Da mesma forma, quantas vezes percebemos uma determinada situação de uma forma, mas nossa intuição nos alerta que há algo ilusório nessa percepção?  Qual voz devemos ouvir? 

Quem sabe responder adequadamente essas questões, domina a chamada “sabedoria de vida”, ou “arte de viver”.  Essa sabedoria, essa arte, exige maturidade, vivência, só se adquire com o tempo, na interação saudável com as demais pessoas.  Uma das principais funções dessa série de textos é justamente dar alguns elementos que possibilitem melhores escolhas em nossas vidas, na busca de uma mente realmente harmonizada, ou seja, em busca da felicidade.

Que todos possamos ter inspiração para fazer as escolhas certas nos momentos certos!  Que possamos equilibrar de forma saudável os diversos aspectos de nossa mente!  Desejo realmente isso a todos!

Saudações fraternas.

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