sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Obstáculos 6 - Avareza e Apego



Saudações a todos.

Terminando a série dos “pecados capitais”, vamos agora tratar da avareza e de um obstáculo a ela associado, porém mais abrangente: o apego.  Entendo que a avareza é simplesmente o apego aos bens materiais, sendo que o conceito de apego é mais amplo, dizendo respeito também a pessoas queridas, sentimentos, lembranças, vivências, etc.

A avareza e o apego são produto da ilusão da separação e da ilusão da escassez, e são reforçados pelo orgulho e pelo medo.  E tanto um quanto a outra são obstáculos muito difíceis de serem superados, sendo com frequência responsáveis por decisões desastrosas, que atrasam imensamente o caminho da reintegração.  E isso ocorre porque, com muita frequência, associada a esses obstáculos está uma grande certeza interior, advinda do orgulho, e uma obstinação e persistência tenazes, que dificultam imensamente a transformação interior.

Iniciando pela avareza, pode-se dizer que o avarento idolatra os bens materiais, ou seja, dá um valor excessivo, quase divino, a seus bens, a suas posses, como se sua felicidade dependesse do ter, e não do ser.  Tem uma perspectiva egoísta e competitiva do mundo, sendo muitas vezes também invejoso – avareza e inveja têm origem na mesma visão de mundo.

O avarento não consegue ter empatia pelas demais pessoas, ou seja, ele não consegue enxergar o ponto de vista alheio.  Está sempre em atitude defensiva, com medo de que alguém se aproveite dele, que o passe para trás.  Tem grande dificuldade de amar, visto que é dominado pelo medo de que alguém se aproveite de sua generosidade – afinal, para amar necessitamos nos entregar, algo muito difícil para o avarento.

O avarento tem uma visão estreita da realidade, em geral é muito ligado em detalhes, está sempre enxergando uma “intenção oculta” nas atitudes das outras pessoas, e está sempre alerta para “anular” qualquer tentativa de abuso de poder por parte dos outros.  Essa atitude insere o avarento em intermináveis brigas de poder, em confrontos normalmente desnecessários, aos quais se dedica e direciona seus esforços e sua energia.

O fato é que falta ao avarento o senso de justa medida, a sabedoria de dar a cada coisa o seu devido valor.  Sem dúvida, os bens materiais são importantes, necessitamos deles para sobreviver com um mínimo de conforto.  Sem dúvida ser passado para trás é algo desagradável para qualquer um, devemos tomar alguns cuidados mínimos para evitar desgastes desnecessários.  Mas tudo isso deve ocorrer na justa medida.

E qual a justa medida para os bens materiais?  Na realidade, necessitamos de bens materiais que nos assegurem sobrevivência com o mínimo conforto, ou seja, que nos permitam trabalhar dignamente, administrar um lar, uma família e ter alguns momentos de lazer para atividades esportivas e culturais, ou simplesmente para descanso.  Em outras palavras, precisamos de recursos suficientes para sustentar um estio de vida equilibrado, que contemple realização pessoal e profissional, nos aspectos físico, mental e social.

Ocorre que, se pensarmos friamente, a renda mínima necessária para ter essa qualidade de vida é muito inferior à que a maioria das pessoas imagina.  Vamos levantar algumas questões:

- Moradia é essencial, mas aquele apartamento ou casa “dos sonhos” é essencial?  Qual o espaço mínimo para vivermos com conforto?  Uma família com 4 pessoas precisa viver em uma casa de 500 m²?  Ou basta um apto. com 100 m²?  Precisa ser no bairro mais chique, ou pode ser em um bairro um pouco mas afastado?

- Lazer é essencial, mas precisa fazer aquela viagem todo ano ao exterior?  Ou será que aquela cidadezinha de praia ou montanha perto de sua casa já seria suficiente?  Ou será ainda que aquela praia próxima, de graça, não revigoraria as suas energias?  Há tantos programas divertidos que não custam nada ou quase nada...

- Alimentação é essencial, mas será que precisa comer tantos supérfluos e guloseimas?  Precisa comer fora de casa com tanta frequência?  E o desperdício de comida, é necessário?

- Vestuário é essencial, mas precisa fazer tantas compras?  Precisa trocar de guarda-roupa todos os anos?  Precisa tantos sapatos, bolsas e acessórios?  Precisa estar sempre na moda?

Se fizermos uma autoanálise honesta, veremos o quanto convivemos com desperdícios de recursos, que podem ser preciosos para muita gente.  E o que fazer então, controlar radicalmente tudo o que nós consumimos?  E, pior ainda, controlar com mão de ferro tudo o que as pessoas próximas a nós consomem?

Nada disso.  Temos que, antes de mais nada, procurar refletir atentamente sobre as origens desse desperdício.  Ele é algo consciente, voluntário, ou é um fenômeno quase “automático”?  Quantas vezes refletimos criticamente antes de comprarmos algo?  Quantas vezes pensamos se esse algo é realmente importante para nossa vida e nossa felicidade?   

Todos temos alguma noção do poder da propaganda e das modernas técnicas de marketing sobre nossa mente, nossas necessidades, nossos desejos inconscientes.  Como já dizia um desses famosos “gurus” de marketing: “A principal função do marketing é criar mercados”.  Essa definição, para mim, é genial, pois espelha a essência do marketing: deve-se “criar” necessidades e desejos diversos nas pessoas em geral, para propiciar mais consumo e, com isso, maximizar os lucros.

Posso citar inúmeros casos de necessidades artificiais, que foram sendo criadas e atualmente ninguém vive sem elas.  Talvez o mais emblemático seja o smartphone, artefato inexistente há uns 15 anos atrás – ou seja, a humanidade viveu sem ele por milhares de anos – e que atualmente é quase um “bem essencial”, a ponto de, para muitas pessoas, não ser mais possível viver a cada momento sem ele – nesse caso, uma bateria descarregada por algumas horas pode ser o “caos”.

Sinceramente, é necessário ter smartphone?  É necessário ter um celular simples?  É necessário ter até mesmo um telefone fixo?  Realmente, nada disso é necessário, apenas existe para nos dar maior comodidade, sendo de grande ajuda, praticamente “essencial”, somente em ocasiões muito especiais – raras, por sinal.

Assim, devemos estar cada vez mais conscientes de quanto temos de condicionamento automático dentro de nós, de quanto a propaganda diária nos incute mensagens consumistas o tempo inteiro – compre, compre, compre!  Compre, pois assim você será mais feliz, mais bonito(a), mais bem sucedido(a), mais respeitado(a), mais inteligente, mais importante!

E daí, o que fazer então?  Tomar consciência, estar mais harmonizado com o Amor Divino, que por sinal é gratuito e disponível ao infinito – não é um bem escasso, não tem valor econômico e é simplesmente o “bem” mais essencial para sermos felizes.  Devo dizer que a frase “felicidade não tem preço” espelha fielmente a visão mística sobre essa questão.

Para essa tomada de consciência, mais uma vez, a intuição ajuda bastante – ela é muito importante para dar uma “advertência”, um “sinal”, sempre que formos consumir algo que não seja relevante.

Devo frisar que não estou aqui defendendo o não consumo, que é exatamente o modo de pensar do avarento.  Só estou defendendo a justa medida, o que significa que não devemos ser avarentos, mas também não devemos ser pródigos, e gastar demais, consumir demais.  Devemos gastar sim, devemos ganhar dinheiro sim, devemos buscar a prosperidade sim, mas, qual deve ser o objetivo dessa busca?  Essa é a pergunta relevante.

E a resposta mais equilibrada, na visão mística, é a seguinte: para ajudar os outros.  Devemos obter muitos bens, muita prosperidade, principalmente para melhor ajudar nossos semelhantes – não devemos privilegiar nosso próprio conforto e bem-estar, devemos lutar por ele sim, mas na justa medida, que é bem comedida.  Tudo o que vier em excesso para nós, devemos compartilhar com os outros, ajudar mesmo, ser altruísta.  E normalmente temos coisas em excesso conosco, é muito difícil uma situação em que não possamos ajudar – sempre há algo a fazer nesse sentido.

Devo dizer que não se trata simplesmente de uma questão moral, de um “código de normas” arbitrário, que diz que é meritório ajudar o próximo.  Conforme a visão mística, ajudar é sempre a coisa mais inteligente a se fazer, por um motivo muito simples: ajudar os outros é uma das formas mais eficientes de avançar no caminho da reintegração, e de se harmonizar com o Amor Divino.  Ao ajudar os outros, ficamos naturalmente mais felizes, simples assim. 

Mas a ajuda só vale, em termos místicos, se for realmente gratuita, desinteressada – ajudar alguém esperando alguma retribuição, material ou não, é simplesmente uma barganha, uma negociação, não sendo uma ajuda válida, no sentido místico.  Deve-se frisar que, conforme a visão mística, não devemos esperar nem reconhecimento nem gratidão alheia, pelo simples motivo que ajudar é bom em si, mesmo que o ajudado nem saiba ou nem dê valor à sua ajuda – você sempre ganha ajudando, desde que não espere retribuição.  Se o outro não for grato, pior para ele, você fez a sua parte, e isso é o que realmente importa.

Para entendermos melhor os benefícios do auxílio desinteressado, vamos analisar o conceito de prosperidade.  De acordo com a visão mística, a prosperidade é uma forma de energia e, como todas as energias de nosso universo, ela necessita de movimento para se sustentar, fortalecer e propagar.  Se ela ficar estagnada, naturalmente vai se enfraquecendo, se deteriorando, deixando a pessoa em efetiva carência material. 

E qual é o movimento natural da energia da prosperidade?  Dar e receber, receber e dar.  Ou seja, ao receber algo, seja sinceramente grato, aceite de bom grado, e procure dar parte do que recebeu (ou outra coisa que lhe pertença) a quem precise – nesse momento você reforça a energia da prosperidade.  Além disso, devemos notar que, ao dar algo, você está recebendo outra coisa, mais preciosa, mais sutil – a “gratidão” divina, que certamente reverterá a seu favor, desde que sua doação seja desinteressada. 

Devo dizer também que podemos dar e receber coisas materiais e imateriais – carinho, atenção, auxílio prestativo para alguma tarefa, ombro amigo, palavra amiga – sendo que em muitos momentos os auxílios imateriais são mais importantes que os materiais.  A energia da prosperidade assume essas duas formas, indistintamente: podemos receber um bem material e retribuir com carinho e atenção a uma pessoa necessitada, por exemplo.  Somente deve-se ter cuidado com eventuais manipulações ou barganhas inadequadas – o auxílio tem que ser desinteressado para ter valor.

Uma analogia que pode ajudar bastante a entendermos esse processo é a do laguinho em um córrego.  Imagine um laguinho com água límpida, bonito de se ver.  Ele tem essa aparência porque sempre há circulação de água, ou seja, o lago sempre verte água para o córrego abaixo, a fim de receber mais e mais água do córrego acima.  Se a água ficasse ali parada e represada, logo ela ficaria contaminada, com uma aparência ruim.  Assim como a água não deve ficar estagnada, a energia da prosperidade também não. 

Isso significa que devemos sempre dar o que temos, pois assim “abrimos espaço” para receber dádivas divinas, para deixar fluir a energia da prosperidade em nós.  O ato de dar é que mobiliza a energia da prosperidade, e o resultado natural é que passemos a receber cada vez mais.  Assim, não devemos esperar receber para dar, vamos dar mais para receber mais!  E ao recebermos, vamos ser gratos, e tentar retribuir sempre que possível, para podermos realimentar e multiplicar essa energia!

Normalmente, esse fluxo de energia da prosperidade é universal, ou seja, ele vai passando de uma pessoa para outra, livremente.  Isso significa que normalmente quem é ajudado por nós não nos ajuda, será um terceiro que dará o devido apoio a nós na hora devida.  Da mesma forma, não é necessário retribuir o que recebemos, embora seja algo muito edificante dar algo em troca, a gratidão aos nossos benfeitores sempre é preciosa, porém não é obrigatória.  Se, ao recebermos algo de alguém, ajudarmos outra pessoa necessitada, estaremos alimentando a energia da prosperidade, e tudo será harmonioso para nós.

A energia da prosperidade aplicada às relações humanas resulta na atitude cooperativa.  Ninguém faz sucesso sozinho, todos dependem uns dos outros para obter seu sustento, seu conforto básico.  Por mais que pensemos o contrário, somos interdependentes em alto grau, necessitamos da colaboração dos outros.  E qual a melhor maneira de se obter essa colaboração?  Colaborando também e colaborando antes!  Essa é uma forma mais racional de pensar a questão do fluxo de energia da prosperidade: ajude os outros a te ajudarem!  Seja companheiro, seja solidário, e serão com você.  Parece óbvio, não?

Mas a realidade nos mostra, muitas vezes, algo bem diferente: a ingratidão, infelizmente, é algo muito mais comum do que gostaríamos que fosse.  Quantas vezes não temos gestos de solidariedade, para recebermos em troca somente reclamações, ou pior, para que os outros se aproveitem desses gestos e nos passem para trás?  Essa questão de um ajudar o outro é muito bonito na teoria, mas, e na prática?

A visão mística responde a essa questão com a Lei da Causa e do Efeito.  Se ajudarmos os outros, o efeito natural é sermos ajudados também.  Mas digamos que a pessoa ajudada por nós não teve gratidão, ou nos passou para trás, isso significa que essa lei não funciona?  De forma alguma.  Isso significa que o beneficiado usou de forma desarmoniosa seu livre arbítrio, e terá como consequência efeitos desarmoniosos em sua vida.  E quanto a nós, passados para trás?  Teremos nossa compensação no tempo devido, basta que nos mantenhamos harmonizarmos com o Amor Divino e com a energia da prosperidade. 

Por outro lado, se ficarmos “presos” na energia da ira, remoendo mágoas contra aquele ingrato que não soube ser digno de nossa ajuda, aí realmente as consequências para nós não serão as melhores.  E isso ocorre não porque ajudamos quem não era digno, mas sim por causa da ira que cultivamos.  Devemos ter muito cuidado com nossas reações, pois se não temos nenhuma ingerência sobre as escolhas alheias, sempre podemos escolher um caminho mais pacífico para reagir aos obstáculos do dia a dia.

Assim, posso concluir que o avarento tem uma visão que leva a atitudes que “represam” a energia da prosperidade, tornando-a cada vez mais fraca e trazendo o desequilíbrio para sua vida.  Existe uma analogia perfeita em nosso organismo, descrita por Freud, que é a prisão de ventre, mal-estar causado quando não soltamos os resíduos de nosso intestino – eles ficam ali, desequilibrando nosso metabolismo, e fazendo todo o corpo sofrer.  Assim como devemos liberar o que não mais serve ao organismo, sob pena de comprometer nossa saúde, devemos evitar a avareza, e deixar a prosperidade fluir em nossa vida, sem bloqueios.

Devemos observar ainda que, na política, na economia e nos negócios, de forma geral, o tom dominante nos relacionamentos é o “interesse”, e infelizmente o interesse individual ou de pequenos grupos influentes normalmente prevalece sobre o coletivo, demonstrando o quanto nossas sociedades “modernas” e “civilizadas” são dominadas por pessoas que tem atitudes avarentas de forma geral.  As pessoas gastam muitas energias criando mecanismos de “defesa” de seus “inimigos”, ferrenhamente apegadas a seu próprio ponto de vista, e se dedicam muito pouco a cultivar verdadeiras alianças, dificultando acordos cooperativos, que poderiam trazer imensos ganhos para os envolvidos e para toda a sociedade.


Agora devo falar um pouco do apego, esse conceito mais geral.  Na realidade, o apego está por trás da avareza, mas não se limita aos bens materiais.  Normalmente o ser humano desenvolve apego emocional a tudo o que lhe faz sentir bem, a tudo o que ele tenha afeto: sua família, seus amigos, locais especiais, grupos sociais, ídolos artísticos ou esportivos, ideologias, etc.

Sendo assim, normalmente temos grande apreço a certas pessoas, vivências, locais e outros seres e situações externos a nós, a ponto de, muitas vezes, não nos imaginarmos vivendo sem eles – como seria minha vida sem meu marido/esposa?  Sem meus pais?  Sem meus filhos?  Sem meu esporte?  Sem meu ídolo?  E assim por diante.  Sendo assim, quando algum desses elementos “fundamentais” de nossa vida nos falta – quando ocorre a morte de alguém querido, por exemplo – passamos por uma profunda tristeza, que deve ser superada, no processo chamado “luto”.  Algo muito natural e humano, em termos emocionais.

Devo lembrar, porém, que nada que seja externo a nós faz parte de nossa essência.  Não custa lembrar também que nossa essência é o aspecto divino de cada um de nós.  Isso significa que podemos viver sem nada, e que só uma coisa é realmente essencial a nós: Deus.  Pela visão mística, é impossível haver vida ou existência sem Deus, o resto é “dispensável”: podemos viver sem nossa família, sem nossos amigos, sem nossas referências, e inclusive podemos existir sem vida, sem nosso corpo, sem nossa mente racional, sem nossas emoções – isso ocorre depois que morremos, em um processo que detalharei em um post futuro.  Mas não há como existir sem Deus.

Assim, pela visão mística, para avançarmos na caminhada da reintegração, é necessário que nos desapeguemos aos poucos de tudo o que nos “atrai” e que exista externamente a nós – precisamos combater o apego, de forma harmoniosa.  Naturalmente, isso não significa romper com tudo e todos, brigar com o mundo, negar nossas referências.  Nada disso, muito pelo contrário.  Devemos buscar interagir cada vez mais com todos, reforçar nossos laços, ajudar os que estão à nossa volta, trocar muito amor, em harmonia com o Amor Divino, assim avançaremos mais rapidamente para a Reintegração Divina. 

Mas, ao mesmo tempo, não devemos nos apegar, não devemos ter a visão de que não podemos viver sem algo ou alguém.  Ou seja, no relacionamento com os demais seres de nosso universo, devemos cultivar o mais profundo amor na mais profunda independência.  Amamos tudo, mas não precisamos de nada.

O apego vem de uma visão incompleta de nós mesmos, a visão de que “falta” algo a nós, que deve se preenchido por pessoas ou situações externas a nós.  Tal como no mito das “almas gêmeas”, em que nossa alma existe como que pela “metade”, e então vagamos no mundo até encontrarmos a outra “metade” que se encaixa e nos completa.  Embora várias correntes místicas abracem esse mito, não creio que ele tenha fundamento essencial.

Na realidade, já somos completos, temos Deus dentro de nós!  O que existem são pessoas que têm imensa afinidade conosco, cujos pensamentos, vontades e ações reforçam e complementam as nossas, e que nos permitem descobrir mais facilmente o melhor de nós mesmos. 

Essas pessoas atuam como “espelhos humanos”, refletindo nossas características e nos ajudando imensamente no autoconhecimento, fundamental para a reintegração.  Elas podem ser realmente muito importantes em algum momento de nossa caminhada, mas nunca insubstituíveis – ninguém é insubstituível, a começar por você mesmo, sempre é bom lembrar.

Na realidade, desapegar de verdade é um dos maiores desafios para alguém, mesmo que ele já esteja muito avançado no cominho da reintegração.  Desapegar representa amar tudo o que ocorre conosco, mesmo quando nos separa do que consideramos mais precioso para nós, desapegar é aceitar as leis maiores do universo, e se harmonizar com o Amor Divino em qualquer ocasião, mesmo nas mais dolorosas.  Desapegar é entender que Deus tem razões que nossa razão não alcança, que uma porta pode estar se fechando naquele momento, mas outra melhor se abrirá na frente.  Desapegar é confiar em Deus, no sentido mais profundo e completo desse termo – só Deus é essencial, o resto é acessório.

E então encerro esse texto com um apelo, para que reflitam sobre o profundo significado do desapego, em seu sentido místico.  Somos, em essência, somente Deus, todo o resto vem em acréscimo, e pode ser retirado – e em algum momento será retirado, com certeza.  Esse “resto” existe somente para que possamos saber o caminho da reintegração, para que possamos, na tentativa e erro, ir trilhando esse caminho com sabedoria.  Que possamos nos harmonizar com Deus, em todos os momentos de nossa vida!

Saudações fraternas.

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