quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Guerra e Paz - Visão Mística


Saudações a todos,

Guerra e paz são realidades muito presentes na história da humanidade, desde os tempos primitivos.  Até hoje existem inúmeros episódios de guerra, em suas diversas finalidades: guerra entre nações, entre grupos de nações, guerras civis, guerras urbanas entre grupos criminosos, guerrilhas, ataques terroristas, etc.  A criatividade é imensa para se inventar formas de conflito armado.  Nesse post falarei sobre o que a visão mística tem a dizer sobre esses fenômenos recorrentes na história das sociedades humanas.

Vamos começar falando da guerra.  O postulado básico da visão mística sobre as guerras é que estas são provocadas pela vaidade excessiva das pessoas, que, coletivamente, querem impor sua vontade sobre outros grupos, sem respeitar suas opiniões e pontos de vista.  A “causa primeira” de qualquer guerra, então, é uma percepção narcisística de que “somos melhores que eles”, ou que “estamos com a razão e eles estão errados”.

Devo acrescentar que a visão mística já questiona a ideia básica de “nós” e “eles” como entidades distintas já que, pelo princípio da unidade, somos todos um, e devemos nos tratar como irmãos, unidos pelo mesmo objetivo essencial – a Reintegração Divina.  Pode parecer inocente essa visão, mas ela conduz a um estado geral de felicidade muito maior, quando devidamente aplicada.

Devo observar que existe uma distância imensa entre essa “vaidade primordial”, que é bastante frequente na vida de qualquer pessoa, e uma declaração de guerra entre países.  Que fatores são responsáveis pelo desenvolvimento excessivo dessa “ilusão” vaidosa, a ponto de mobilizar tantas energias para a destruição de outras pessoas?

Existem diversos fatores que também são muito importantes para fazer germinar essa “semente de guerra” que existe no coração das pessoas, e um dos principais é a intolerância, ou seja, a crença de que não há como se conciliar interesses – se ambos os lados adotam uma postura radical, sem ceder em nada relevante, não pode haver acordo amigável, e qualquer conflito pode virar um confronto.

Outro fator que favorece o surgimento de guerras é a falta de confiança.  Para que haja um bom relacionamento entre pessoas e entre grupos, é fundamental a confiança, sendo que a mentira, a dissimulação, a hipocrisia nunca valem a pena em termos globais – podem trazer vantagens momentâneas a algumas pessoas ou grupos, mas no longo prazo conduzem inevitavelmente a uma situação em que todos os lados perdem, gastando preciosas energias no esforço de se defender do outro, fiscalizar os demais ou mesmo de se vingar.  Com confiança mútua, tudo funciona melhor – sem confiança, os conflitos se acentuam.

Outro fator que acentua imensamente os conflitos, podendo provocar guerras, é a má comunicação.  Um atributo fundamental do ser humano é a capacidade de se comunicar, utilizando linguagens estruturadas e organizadas, de forma a poder exprimir com razoável precisão seus pensamentos, emoções e intenções.  Esse atributo precisa ser bem utilizado, sob pena de se ignorar ou distorcer os interesses alheios, levando a reações inadequadas, que, sem medidas corretivas, pode levar, por reações sucessivas, a um grande confronto.  Quantos conflitos surgem de mal-entendidos? 
Devo lembrar também de uma das armas mais poderosas que o ser humano dispõe para a resolução de conflitos – o diálogo.  Esta faculdade, quando bem utilizada, pode superar barreiras aparentemente intransponíveis, e abrir caminhos para o consenso e para a construção de soluções negociadas, em que todos saiam ganhando (soluções ganha-ganha).  E a base de todo o diálogo é a boa capacidade de comunicação.

Naturalmente, além desses fatores emocionais, existem os fatores materiais: deve haver pelo menos duas comunidades que nutrem sentimentos de hostilidade uma com a outra, por diversos motivos – sempre há uma escalada de tensão, com pequenos conflitos se somando e se multiplicando, transformando-se em grandes impasses. 

Além disso, essas comunidades devem ter condições materiais de declarar guerra uma a outra – se uma for muito mais poderosa militarmente que a outra, dificilmente haverá guerra, pois a mais “fraca” dificilmente vai deixar o conflito se transformar em uma guerra suicida.  Esse é precisamente um dos principais argumentos para qualquer “corrida armamentista”, ou mesmo para a existência de arsenais nucleares, suficientes atualmente para destruir nosso planeta diversas vezes.  E essa é a base da chamada “pax romana”, termo para definir o estado de “paz” em que uma superpotência inibe qualquer oposição armada.

A ciência histórica e a geopolítica militar consideram somente esses fatores materiais como determinantes para as guerras mas, conforme a visão mística, se não houvesse a “vaidade primordial” e os outros “fatores emocionais” descritos a guerra não seria feita – não seria sequer cogitada.  Na realidade, sem essa vaidade, nem haveria poderio militar, pois simplesmente não haveria mais nenhum motivo para tal.

Mas existem fatores que podem levar a uma guerra, mesmo com condições altamente desfavoráveis para um dos lados, e o principal deles é a insensatez de líderes radicais e carismáticos, que podem influenciar comunidades inteiras, levando-as a uma guerra sem sentido, o que traz imensos prejuízos a todo o mundo, em especial aos seus liderados.  Outro fator que favorece as guerras entre fracos e fortes é a guerra dissimulada, com táticas de guerrilha, em que um grupo pequeno e bem organizado se infiltra no grupo “inimigo” e realiza ações violentas em sequência, causando prejuízos diversos, em especial o medo e a insegurança na população do inimigo – essa é a essência da ação de grupos terroristas, tão “populares” hoje em dia.

Nenhuma dessas atitudes destrutivas faz sentido em termos místicos.  Se todos percebessem que não há nada que possa reduzir nossa dignidade essencial – somos deuses em essência, somos unos com Deus – que nada de realmente importante pode nos ser tirado e, principalmente, que não temos que ser melhores que ninguém – simplesmente somos diferentes, cada um com suas maravilhosas peculiaridades – não haveria nenhuma motivação para se fazer nenhuma guerra.  Mas por que as guerras continuam existindo?  Será que as guerras trazem somente malefícios?

Para responder essas perguntas, temos que considerar o lado positivo das guerras, e podemos pensar, dentro de certo contexto, em “guerras necessárias”.  As guerras, desde sempre, foram um importante fator de progresso para a humanidade, inclusive nos campos científico, artístico e espiritual.  Alguns ramos da ciência surgiram ou tiveram imenso desenvolvimento durante as guerras, por causa delas – a necessidade de “estar à frente” do inimigo em termos tecnológicos é um importante motivados para o avanço da ciência.  Muitas obras de arte geniais (“Guernica”, de Picasso, é um bom exemplo) foram concebidas sob a inspiração desafiante das guerras.

Em termos espirituais, deve-se considerar que tudo no universo, incluindo as guerras, tem um sentido, tem uma função, e contribui da forma mais construtiva possível para a reintegração divina da humanidade.  Embora muitas guerras tenham causas puramente egoístas – vaidade de líderes e povos, interesses puramente econômicos – deve-se reconhecer que algumas guerras opõem visões de mundo que não conseguem se conciliar – e em alguns casos o conflito dá a vitória aos partidários de sociedades mais livres, mais justas, com melhores condições para a evolução espiritual de seus indivíduos.

O exemplo mais eloquente é o da maior guerra que a humanidade já enfrentou até o momento – a 2ª Guerra Mundial – que foi um confronto entre uma visão de mundo mais autoritária, totalitária, que buscava controlar em detalhes a vida de todos os membros da sociedade (o nazifascismo), e uma visão mais libertária, democrática, da sociedade (aliada aos comunistas da URSS, que foram muito importantes na vitória aliada, mas também tinham uma visão de mundo totalitária).  Nesse sentido, a 2ª Guerra teve um “saldo positivo”, que foi a consolidação de regimes democráticos nos EUA e, em especial, na Europa Ocidental, exportados depois para o resto do mundo.

Obviamente, os motivos para a 2ª Guerra ocorrerem foram muito mais complexos, e em sua maioria foram muito menos “nobres” que uma luta entre ideologias contrárias.  A própria presença da URSS entre os aliados demonstra a incoerência dessa visão.  Mas o fato é que, independentemente das reais motivações, a 2ª Guerra serviu para enfraquecer imensamente ideologias totalizantes em diversas regiões do mundo.

Em outras palavras, por mais que as guerras provoquem destruição, ressentimentos e desarmonia, muitas vezes sobrevêm efeitos benéficos, numa demonstração do ditado “há males que vêm para bem”.

Outro argumento pró-guerras é o de que existem “guerras necessárias”, ou seja, que algumas situações “exigem” o uso da força, como por exemplo quando o seu “inimigo” tem atitudes totalmente hostis e demonstra que vai usar toda a sua força contra você, “ameaçando” sua integridade ou sua soberania – em termos místicos, pode-se argumentar que esse argumento não é válido, pois nada pode ameaçar sua integridade essencial. 

Mas, abstraindo-se de considerações místicas, pode-se afirmar que certos grupos e nações provocam tanta desordem e tanta desarmonia com suas atitudes que pode ser muito útil, para o bem comum, algum outro grupo se contrapor e enfrentá-lo, da forma que ele compreende – em uma guerra.  Assim, caso ele perca a guerra, poderá “receber uma lição” e refletir melhor antes de voltar a se comportar como um “desordeiro global”. 

Na realidade, toda vez que aparece um grupo mais hostil e dominador, sempre aparecerá outro grupo para se contrapor – tal e qual em um bar, quando aparece um valentão sempre haverá alguém para enfrentá-lo.  Em termos místicos, isso pode ser explicado pelo fato de que energias de violência e ódio sempre atraem similares – é a “Lei da Atração”, que demonstra que energias sempre buscam outras energias de “frequência” similar.  Na realidade, uma guerra é resultado da convergência de inúmeras energias de violência e ódio individuais.

Deve-se ressaltar que o raciocínio acima descrito, de que “desordeiros devem levar uma lição”, é francamente questionável em termos místicos, como já dito, e além disso pressupõe um julgamento de valor bem problemático – afinal, quem vai determinar o que é um comportamento “aceitável” e um comportamento “desordeiro”?  Quem estabelece como as nações devem se portar?  No fundo, esse pensamento tem embutida a vaidade primordial, de se achar mais “dono da verdade” que aquele grupo ali, que não sabe se portar e incomoda a todos com suas atitudes “inconvenientes”.  Mas ele tem um valor pragmático inegável – na prática, como agir diferente em determinadas situações, que são francamente inconvenientes – como por exemplo, ataques terroristas?

O principal exemplo dessa “exigência” de ação é justamente a atitude de Hitler nos anos que antecederam a 2ª Guerra, em que ele seguidamente provocava os demais países e abusava de suas prerrogativas, fiel a seus princípios de dominação total do mundo pela sua “raça superior”.  Durante vários anos os demais países da Europa toleraram sua atitude, o que depois foi bastante criticado, pois isso deu tempo a ele de se armar e organizar uma forte máquina de guerra – muitos argumentam que, se os outros países tivessem reagido antes, a 2ª Guerra não seria tão demorada e abrangente como o foi.

O fato é que o ser humano ainda está muito impregnado dessa “vaidade primordial”, e não devemos achar que de repente as pessoas vão se conscientizar e passar a entender que guerras não valem a pena.  O caminho é bem longo e cheio de contratempos e, enquanto não chegamos a esse ideal místico de consciência coletiva, ainda deveremos conviver com muitas guerras e conflitos diversos.  Eles são parte integrante do processo e, como já dito, trazem também avanços positivos para a humanidade.

Assim, a maneira mais sábia de lidar com o fenômeno da guerra é lamentar, não contribuir para ele – o que já é digno de louvor – e conviver da maneira mais construtiva possível.  De que forma?  Ajudando aos que sofrem por causa das guerras, na medida do possível.

Se você convive com uma guerra, há muitas maneiras concretas de oferecer ajuda – há inúmeras demandas à sua volta, é só escolher uma que seja adequada aos seus talentos e inclinações – sempre há algo que possa ser feito!  Se, além disso, você tem algum tipo de contato com pessoas que podem decidir entre fazer ou não uma guerra, ou entre parar a guerra ou continuar lutando, tente influenciá-las, tente conversar e convencer que guerra nunca é um bom negócio, mesmo em casos extremos.

Mas, se não for o seu caso, se você vive a quilômetros de qualquer guerra ou conflito – o que não é tão comum assim – mesmo assim você pode ajudar, à distância.  Faça doações a entidades humanitárias que atuam em cenários de guerra – existem várias.  Tente se informar e use a internet e fóruns diversos para expressar sua opinião, sua reprovação à solução da guerra para os conflitos.  Hoje em dia está muito mais fácil influenciar os governantes dos países pela internet, existem várias campanhas públicas idealistas, clamando pela defesa dos direitos humanos universais.  Procure se engajar, na medida do possível, não pense que isso não é problema seu, porque somos todos um, e o que afeta a parte afeta o todo, e nós também.  Em suma, sejamos “combatentes da paz” em nosso dia a dia – sempre há uma guerra acontecendo, que deve ser encerrada.

Além disso, há outras formas mais acessíveis e eficazes de lutar pela paz: seja um defensor da paz dentro de sua casa, com seus familiares, e também com seus amigos, conhecidos ou vizinhos.  Busque resolver os conflitos de forma negociada, sem impor soluções, sem brigas, sem ofensas, sem violência, seja ela física ou psicológica.  Aja ativamente contra qualquer manifestação de ódio ou intolerância praticada por amigos, vizinhos, conhecidos, ou dentro de sua família.  Não tolere qualquer tipo de ato violento que você presencie, contra qualquer pessoa: reaja ativamente, faça o necessário para cessar a violência - desde que você tenha condições objetivas para isso, é claro, se alguém assalta uma pessoa ao seu lado, com arma de fogo, não faz sentido agir para evitar o ato (a não ser que você tenha porte de arma e seja treinado para isso).

Finalmente, há outra forma de lutar pela paz, uma forma puramente mística: a visualização criativa pela paz.  Esta consiste em, regularmente, visualizar-se mentalmente uma situação de paz e fraternidade universal, com plena confiança que isso ocorrerá um dia no mundo, precisamente no dia em que todos estiverem preparados para tal.  Tal procedimento, embora possa parecer inócuo ou fantasioso, tem grande poder em harmonizar quem o pratica, contribuindo para sua paz interior, necessária para que ele promova a paz exterior.



Bem, depois de todas essas considerações sobre a guerra, devemos falar um pouco também sobre a paz, em uma perspectiva mística.  Do que se trata a paz?  Será simplesmente a ausência de guerras?  Assim como a saúde não é simplesmente a ausência de doenças, a paz não é somente a não existência de guerras, ela envolve um estado positivo, uma maneira de ser. 

A paz efetiva somente pode ser derivada da paz interior de cada um, ou seja, da perfeita harmonia interna entre todas as dimensões de cada pessoa – percepções, razão, emoção e intuição.  Assim, a paz está intimamente associada ao equilíbrio interior de cada um.  Caso haja um ambiente sem conflitos aparentes, mas com divergências internas relevantes (conflitos latentes), gerando rancores e raivas contidas, por algum motivo – por ex., na “pax romana”, em que Roma mantinha seus territórios “em paz” pela presença ostensiva de legiões fortemente armadas, prontas para reprimirem qualquer protesto – nesse caso não há verdadeira paz, e fatalmente algum tipo de guerra explodirá, mais cedo ou mais tarde.

Assim, a verdadeira paz pressupõe canais de participação, onde todos possam expressar suas opiniões e, em caso de conflitos, terem uma ou mais instâncias para conciliação e tratamento dos mesmos.  Paz imposta por alguma instância mais poderosa não é genuína, sendo instável por natureza.

Não custa lembrar que, enquanto as pessoas, em seus corações e mentes, tiverem algum tipo de intolerância ou ideia de superioridade sobre os outros, não se atingirá a paz verdadeira, sendo todos os momentos de paz sujeitos a distúrbios e desequilíbrios.

Assim, devemos distinguir entre os conceitos de paz mística, como sendo essa paz profunda em que todos estejam harmonizados com o bem comum, e a paz material, presente quando não há guerras declaradas, mas que contém em si guerras “latentes”.

Nesse sentido, pode-se falar de dualidade guerra-paz, presente em nosso universo sensível, que representa, na realidade, uma dupla de atributos presentes em todas as situações vividas pelas sociedades humanas.  Nesse conceito, de guerra-paz material, ambos são igualmente valiosos para se obter a verdadeira harmonização com Deus, que pode ser chamada de “paz mística”.

Resumindo, podemos dizer que existem os conceitos de guerra (presente no mundo sensível somente), paz material e paz mística, sendo esta última o objetivo de todos, pois trata-se de um atributo da harmonização com Deus, da Reintegração Divina.  Quanto à guerra e à paz material, ambas são igualmente relevantes para se obter avanços de consciência, na busca da harmonização.  Ao contrário do que muitos podem pensar, as guerras muitas vezes têm o poder de contribuir para a harmonização universal, ao forçar um avanço dinâmico nas relações humanas e sociais, que muitas vezes ficam estagnadas em períodos de paz material.  Assim, guerra e paz, em termos materiais, têm a mesma importância para o avanço da humanidade.

Esses conceitos são válidos para relacionamentos em geral, tanto em casais, amigos, quanto grupos ou países inteiros.  Os relacionamentos são dinâmicos, e os momentos de paz e guerra estão sempre presentes, de forma efetiva ou latente, até que ambos conseguem a harmonização com Deus, e daí o relacionamento entra no estado de paz mística, tão almejado. 

Quando várias pessoas nesse estado estabelecem um relacionamento deste tipo, forma-se uma energia toda especial, chamada de “egrégora”, que vem a ser a “soma” das energias positivas dos membros desse grupo em paz mística, somado ainda às diversas sinergias – “um mais um sempre é mais que dois”.  Essas “egrégoras” vêm a ser as energias mais poderosas que podem influir em nosso mundo sensível, e serão detalhadas em um post futuro.

Uma observação relevante sobre a paz mística é que, ao contrário do que possa parecer, ela não é uma condição estática – “chegamos ao paraíso e estamos bem aqui” – não se trata disso.  Na realidade, o par de atributos guerra-paz é responsável por uma dinâmica especial, que anima nossos relacionamentos, até o momento em que ambos conseguimos nos harmonizar perfeitamente e... temos que encarar novos desafios – o caminho sempre prossegue, de alguma forma.  O desafio mais comum que temos que encarar é tentar estabelecer esse relacionamento “perfeito” com outras pessoas que ainda estão na dinâmica guerra-paz material, mas há outros desafios – as possibilidades são praticamente infinitas...

Após essas considerações sobre guerra e paz, vamos agora pensar na situação atual do Brasil. Oficialmente, vivemos “tempos de paz”, pois não estamos envolvidos com nenhum conflito armado externo.  Além disso, o brasileiro e conhecido com um povo “cordial”, “hospitaleiro”, que adora uma festa e tem muita alegria.  Outro fator positivo é que vivemos em um estado democrático, com amplos canais de participação popular e de tratamento de conflitos. 

Mas, qual é a nossa realidade nesse sentido?  Vamos verificar com mais cuidado nossa realidade social.  No Brasil, historicamente, há um pensamento dominante egoísta de que “tenho que cuidar dos meus, os outros que se virem”, pensamento este que vem perpetuando desigualdades sociais gritantes.  Tais desigualdades contêm um imenso potencial de conflitos, causados, entre outras coisas, pelo ressentimento e pela inveja presente entre os desfavorecidos (que são praticamente “excluídos” da sociedade, não usufruindo de praticamente nenhum conforto moderno),sendo tal situação responsável por inúmeros crimes de furtos, roubos e outros.  Nas grandes cidades, as pessoas com melhores condições de vida em geral andam assustadas na rua, com medo de serem assaltadas. 

E quanto às drogas?  O consumo de drogas é resultado de falta de harmonia interior, gerando uma imensa demanda por substâncias proibidas, que movimentam um mercado criminoso milionário, com consequências sociais devastadoras – o número de homicídios e demais crimes associados ao tráfico de drogas é impressionante. 

E nosso trânsito?  Temos grande dificuldade de perceber os interesses comuns (no caso, de segurança coletiva) e dar a eles sua devida importância e, devido a desequilíbrios internos, temos muitas vezes um comportamento imprudente ao volante.  Tal fato é responsável por milhares de mortes anuais, nas rodovias e nas cidades.

E a corrupção endêmica, corolário maior do pensamento dominante de que “devo cuidar dos meus – eu, minha família e meus amigos”?  Quando conseguiremos reduzir significativamente esse fator de imenso atraso em nossa sociedade, causador de inúmeras revoltas e conflitos?  Ano passado tivemos muitas manifestações, muitas delas violentas, em função dessa sensação reinante de que nossos políticos não cuidam da coletividade como deveriam.

Em suma, enquanto não resolvermos esses e outros graves problemas que assolam nossa sociedade, não poderemos falar em paz verdadeira, o Brasil é um país que gosta de mostrar que é pacífico e ordeiro, mas que na realidade tem inúmeros conflitos não resolvidos, que explodem em manifestações de violência bastante frequentes – haja vista os altos índices de criminalidade que observamos em todas as regiões do país.

Agora devo relembrar a melhor forma de lidar com toda essa situação conflituosa: buscando atuar proativamente, ajudando no que estiver a seu alcance, além de realizar o auxílio místico sempre que possível.  Podemos dizer que o Brasil é uma verdadeira “terra de oportunidades, em termos de auxílio ao próximo, tamanhas são as carências – há muito o que fazer nesse sentido, e um místico aplicado deve buscar fazer sua parte, dentro de seus talentos e possibilidades.  Vamos buscar a paz, em todas as consciências, em todo o Brasil, em todo o mundo!

Saudações fraternas.

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